sábado, 10 de dezembro de 2011

À margem

Anabark, Muro (NOV2011)

Nunca desisti de nada nem sequer de quem desistiu de mim. Não desisto do que me conheço nem da força do sentir. A alma não comprometo ao sabor de ventos e contratempos, a alma conservo inteira como âncora que me devolve o sentido e a razão de tudo quanto existe. Não sei desistir de coisas vivas, não sei desistir de mim. Deixo de lado o que não me encontra, o que deixou de ser para mim. Tudo o que não me encontra, tudo que parte e não me volta, não existe, desistiu de ser, assumiu um fim. Não quero nem desejo gente ausente, feita de cinzas frias. O que sinto é meu e sem espelho, o fogo que conservo é feito apenas do meu sangue e carne vida. Quem não me abraça as feridas com o Amor não existe, só o meu abraço interior lhe inventa vida, como quem desenha um coração de papel sem braços nem força para amar.

1 comentário:

Always disse...

Sim, e é nisso que falhamos verdadeiramente como seres humanos. Porque ser adulto, no sentido de ter maturidade emocional para resolver os dilemas que a vida nos coloca, seria, acima de tudo, ter capacidade de encaixar a compaixão na nossa atitude para com o mundo.
Em vez disso, recorre-se à solução fácil: a intolerância e o repúdio. Lamentavelmente!
O diálogo e o perdão é algo que dá trabalho e a maioria das pessoas não gosta de pensar, gosta de soluções fáceis em que 'o preto é preto e o branco é branco'. Assumir a existência de cinzentos é pôr a sua essência em causa e ninguém gosta de sentir esse tipo de fragilidade interior.

Obrigado pelo seu comentário! :)