quinta-feira, 19 de agosto de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Pulsar
Gerla, Dreaming of a white christmas, 2009
O amor não é uma planície a perder de vista. O amor não é um horizonte plano onde não se passa nada para além da luz que alterna a noite e o dia. O amor não é um traço contínuo numa estrada nem uma linha recta geometricamente calculada. O amor não é branco que não é cor nenhuma mas ausência dela. O amor não é uma esfera, monótona, sem pontas por onde pegar. O Amor é uma montanha, alta, íngreme e agreste que nos faz olhar para cima e nos desafia a subir, na esperança de tocar o céu com a ponta dos nossos dedos e sentir os pés vitoriosos sobre a vertigem da escalada. O amor é um pedaço de gelo cheio de arrestas e muitos lados, uma forma prismática de perceber quem somos, o que vemos na complexidade dimensional que nos estrutura a existência. O amor é uma parede rugosa, irregular, viva e de personalidade difícil que não nos deixa encostar, que nos incomoda e nos faz reparar em coisas que nem suspeitamos em paredes lisas. O amor é velocidade, é cor, é estado líquido e estado sólido alternados e em simultâneo, é fogo e gelo, como uma ilha islandesa mais do que qualquer outro lugar no mundo. É um livro sem texto permanente, que se escreve a si próprio sem nunca chegar ao fim. Porque o amor é selvagem, cheio de tempestades, um movimento em espiral que nos leva numa viagem alucinante dentro e fora de nós. O amor é o infinito matemático, as casas decimais intraduzíveis. Amar é perceber que o Amor é acima de tudo um ritmo, um pulsar, um coração que bate, o milagre da vida na sua complexidade microscópica em que tudo se transforma, tudo evolui. Tu e eu somos vida, o reboliço que nos vem de dentro é Amor. Nem mais nem menos do que este perpétuo movimento de uma em direcção à outra. Sempre sem parar.
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