quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Aqui ou noutro lugar

Joshishots, Polar Love, 2004

Ainda que estivesses no fim do mundo e eu não soubesse o caminho, iria ter contigo. Por longe que fosse esse lugar perdido na distância, não seria suficiente para me impedir de te encontrar. A certeza do teu beijo no fim da estrada encurtaria o longe, se longe houvesse entre nós. Mas tu não estás no fim do mundo e só distamos intervalos de tempo que é relativo e nós somos absolutas. E mesmos nos intervalos nada nos separa a não ser o tempo de chegar a ti que começa a contar um pouco antes de 'Até já, meu amor'. Ainda que estivesses no fim do mundo, eu chegaria sempre a horas de contares comigo. Somos Uma com princípio e o infinito como sonho. No meio fica a vida que celebro em cada segundo ao teu lado, aqui ou em qualquer lugar do mundo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Eternamente Amor

Gary Arthur Douglas, Pink crypto

Maior do que o Tempo que é infinito, maior do que a vida que gostaríamos eterna, é o Amor que eu conheço e vivo. Procuro-te incessantemente em cada recanto meu porque não sei estar mais de três segundos sem ti e nunca estou realmente porque te somo nas partes do meu todo. Encontro-te sempre por inteiro no que procurei apenas sonhando que existia. Antes de ti, o Amor era uma palavra vaga, pouco mais do que um conceito, uma ideia indefinida. Mas tu existes para além da palavra que nos segura uma definição precisa. E serás sempre Amor porque és única, tão rara que te colecciono em cada pormenor e todos os dias me apaixono por ti. Todos os dias te sinto mais em mim, todos os dias te sinto a minha vida. Todos os dias nos desejo a vida eterna neste infinito que somos - sem tempo nem distância, sem reservas nem limites.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Rugosidades

Esme12, Astracts and nonsense

Por vezes, o Tempo não perdoa e lembra-me que a corrida é rápida e que é preciso evitar o desperdício do que tenho e não voltarei a ter nesta vida. Às vezes esqueço-me das coisas únicas, das coisas que não se repetem, e esqueço-me que não vivo para sempre e que, tendo eu fim, não terei tempo para tudo o que sou, desejo e planeio. Hoje acordei uma parede velha, de cor estalada pelo abuso dos dias que não são nossos e que nos levam muitas horas emprestadas. A parede enferrujada, descascada e suja que me instalei durante o dia foi piscadela de olho do Tempo que eu devia entender como 'Não percas tempo, vive!', mas teimo em ter pena de mim. E derivo pelas horas que não tenho senão para sermos nós, desperdiçando momentos únicos e irrepetíveis. O Tempo tem razão, sei que nenhum segundo se repete e a corrida é curta. E enquanto não me acabo, tenho de viver tudo o que sinto dentro e este tudo que não tem fim és TU. E não posso deixar-me ser essa parede desgastada que nos rouba o tempo que não temos. Quero-nos sempre nas cores dos dias do Paraíso, porque não nos reconheço de outra forma senão nesse infinito colorido de alma - juntas pouco nos falta para a perfeição e esse pouco que não temos dá-nos a graça e perpétua o desafio: eu mais ou tu mais?... Temos a vida inteira para descobrir.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Dias longos

Dee Golden, 1st Wormhole, 2002

Os meus dias tornaram-se maiores ainda que as horas sejam exactamente as mesmas. Os meus dias a partir de amanhã são longos, tão compridos que só acabam às horas que tu começas e ficamos em nós. No final do dia, quero chegar-te com a maior pressa e vou correr quase sem tocar o chão e, por cedo que chegue, demorarei tempo demais. Porque a urgência que tenho de ti é permanente e as saudades tuas nos meus dias longos maiores ainda. As horas sem ti não passam, arrasto-as de um lado para o outro e invento-lhes uma utilidade e espero. Maior do que a saudade, só este amor que nos corre por debaixo da pele como condição de vida. O amor que nos reconheço e que acontece em cada dia mais forte e mais intenso, segura-nos a espera nos dias em que tardamos a chegar. Não há longe nem distância, em pensamento o tempo que nos separa é o intervalo respirado entre dois beijos. Ainda que os sinta infinitos, sei que os dias grandes têm fim e quando acabam começamos nós. E nós somos, definitivamente, maiores do que o Tempo, maiores do que a Vida.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Amanhã aconteceu...

Ann LT, Sprayed3

Deixa-me hoje falar-te de amanhã, porque enquanto essas horas não chegam sonho o futuro que começou em meia volta de vida. Deixa-me relembrar ontem para que amanhã chegue com tudo o que sonhámos entretanto. Deixa-me olhar para trás e ver-nos no tempo que vamos construindo sempre mais forte e mais seguro e sentir que o tempo contigo é infinito. Deixa-me prometer-te que viverei eternamente para nunca te faltar porque faltar-te seria faltar-me a mim e faltar à vida. Deixa-me dizer-te que sem ti não ando devagarinho, sem ti morro lentamente. Deixa-me encontrar uma forma original de te escrever amor e de te viver para além de tudo e mais que fosse ainda. Deixa-me adiantar as horas e correr pela noite dentro para chegar ao dia um pouco antes de ti - tenho pressa de acordar-te um beijo que não sei chegar ao fim.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Quando os santos cairam do altar

Anabark, Fogo de alma (DEZ07)

Quando os dias parecem correr fora de ordem, perdidos numa espiral de contrariedades, vêm-me à memória lembranças de um tempo em que pouco era tudo e o suficiente para me salvar a alma. Relembro a tua meia volta no dia de hoje há um ano atrás e a volta que a minha vida deu desde esse dia. E penso nas voltas que o mundo deu depois disso. Queria mesmo dar-te a volta e que segurasses o que a alma nos meus olhos te dizia. Queria que voltasses mais do que tudo na vida. E o pouco que segurei entre as mãos foi o primeiro passo do regresso ao sempre do qual nunca desistimos. Recordo esse pouco, feito de números novos e olhos de uma transparência incontornável. Recordo o sopro de vida que me voltou nessa tua meia volta inesperada. O santo que cai do altar nesse dia caiu a meus pés sem se partir. Não te dei a volta, voltei-me a mim contigo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Durante o intervalo

Cliff Wright, All for the love of ivy, 2005

Durmo em pé porque tenho medo de desperdiçar tempo demais atormentada por sonhos que voltam sem aviso nem razão. Sei que o Amor é uma montanha que ninguém muda de lugar e nós somos essa força que nos segura ao chão. Sei que o tempo não nos esgota nem os lábios se cansam de beijos. Sei que somos tudo e que sempre fomos, mesmo quando não tínhamos quase nada. Sei ler-te nos olhos e sei o que não dizes mas não deixas de pensar. Sei sentir-te sem estares perto e também sei que tudo isto nos transcende corpo e alma porque, à nossa volta, somos únicas e o infinito é nosso. Apenas quando durmo esqueço que o céu já não é cinzento no que a vida nos espera. Mas isso é só às vezes, Meu Amor, porque estou cansada, porque me faltam muitas horas de sono, porque quando durmo prego partidas a mim mesma. Tenho medo que o sono não ponha ordem nas ideias e que, ao acordar, tu não estejas embrulhada em mim. Mas sei que somos indestrutíveis, maiores do que a vida, o que muitos julgam improvável. Sei que o Amor verdadeiro não tem medo nem desiste. Sei que os nossos braços nos seguram com o peso do mundo às costas e nunca, por um segundo que seja, lhes falta a força rara do Amor. De tão teoricamente improváveis, somos exemplo e inspiração, porque existimos corpo alma e coração numa só.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Aberto de madrugada

Torbjørn Helgesen, Details at work #5, 2006

E quando as noites se medem pelo incêndio que nos desarruma pouco importam as horas de sono que não sobram porque o dia amanhece sempre demasiado cedo. Pouco importa o mundo lá fora quando nós temos o universo nas mãos. Quero-te nesse infinito que o tempo não esgota em mim. Quero-nos do tamanho desse infinito que sentimos dentro sem equívoco e tão completamente. E nas horas que incendiamos não há noite nem dia, apenas nós e esta vontade de sermos para sempre a pele da pele que nos abraça. Sinto-te nos lábios um corpo inteiro em desassossego. Beijo-te a saudade em que nos guardamos sempre e a toda a hora. Porque tenho saudades tuas mesmo no intervalo de um beijo, porque me fazes falta entre um abraço e outro. Porque te sinto o mesmo desespero com que eu te espero nas horas. E ainda que te diga que não há longe nem distância, sabes que minto e tu te mentes, porque a saudade em que nos sentimos constantemente vem de um querer absoluto que não se compadece com intervalos. O incêndio que nos rouba ao sono e nos consome tão perdidamente é urgência do corpo e da alma por via do coração - o Amor não sabe esperar.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

730 dias

U-turn, Enxoval (DEZ07)

Foi quase ontem mesmo que tenhamos vivido duas vidas entretanto. Contei os dias, setecentos e trinta menos alguns que contam também. Há dois anos atrás este dia amanheceu como outro qualquer, foi ao anoitecer que descobri o teu 'bom-dia' para o resto da minha vida. Depois disso, morri quem era e descobri-me uma outra vida nas palavras que pouco a pouco te iam revelando. Desconhecia-te a voz, mas fui aprendendo o tom da alma. Chegaste-me perto, entraste-me por debaixo da pele e, desde então, moras na minha cabeça noite e dia e hoje a nossa casa é o coração. Há dois anos atrás não existíamos, hoje partilhamos um prato e seguramos o infinitamente que nos adivinhámos uma na outra. Obrigada, Meu Amor, por nos teres encontrado uma vida maior e um único caminho - juntas somos tudo e sempre a nossa condição.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Noites árabes


Anabark, Mil e uma noites (DEZ07)

Hoje recordo-te a história de mil e uma estrelas que iluminam outras tantas noites nos meus olhos ao encontro dos teus num quarto das arábias. A nossa história não tem mil e uma noites, tem mil vidas e um universo inteiro dentro do quarto, sobre a cama que nos acolhe. A nossa história é feita do sonho que nos adormece na mesma almofada, embrulhadas num beijo que o sono não demove nem o corpo desiste por cansaço. Porque a tua pele na minha é vida e um perpétuo desassossego. Mil e uma estrelas se aninham neste mar e terra que somos nós. Somos luz que não se acaba e mil galáxias por descobrir. Somos muitas noites por dormir em cada noite e muitos dias de noites em branco pela vontade infinita que temos de nós. Na parede do quarto o coração projecta-nos em pedaços de luz nas histórias em que nos recordamos. A alma não se cansa nem o coração adormece, aconchegam-nos neste abraço que nos aninha para o resto da nossa vida.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Muito mais

Torbjørn Helgesen, Detail 8, 2006

Mais do que ontem, menos do que amanhã... não me faz sentido ser de outra forma, porque aprendi, entre a vida e a morte, que o Amor não reconhece nem Tempo nem distância. E se conto os anos que nos seguram na mesma vontade é porque tenho pressa de poder dizer que te tenho há mais de uma vida. Tenho pressa de envelhecer contigo como a madeira velha daquela janela que jamais deixou quebrar o vidro. Ainda há pouco entravas na minha vida onde eu te sonhei sempre e hoje que aqui estamos, sei q não vivi antes de ti. E também sei que depois de ti não há nada, a janela estará partida, a casa fria e vazia a alma. A vida é feita deste bocadinho que acrescento todos os dias ao mais do que ontem. Sei que é menos do que amanhã e infinitamente menos do que daqui a cem anos se tivéssemos mais cem anos de 'nós'. O que é que é mais do que 'muito mais'? Se soubesse dizer por palavras o tanto que colecciono no passar dos dias, saberia responder. O que vem nos livros é pouco, o Amor é mais, muito mais do que muito mais. Se hoje para mim és tudo, amanhã estamos para além do infinito.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Numa fatia do Tempo

Gary Arthur Douglas, Cherry, vanilla, mint, chocolate

Hoje passo por aqui a pensar que os dias nascem e morrem em vinte e quatro horas, o mundo muda e nenhum minuto se repete. E nós envelhecemos entre uma palavra e outra. A mesma coisa amanhã será diferente, porque nada permanece igual. Até o passado se altera no que guardamos dele, porque as memórias, por força que as segure, baralham-se e rendem-se ao passar do tempo. E nós não queremos perder nada e perdemos sempre qualquer coisa... e ganhamos também, porque a vida dá, tira, devolve, oferece e rouba. Nada é nosso verdadeiramente porque o nosso tempo é emprestado e nós vivemos uma prestação. Hoje lembrei-me do sentido de mudança e que não tenho direitos nenhuns sobre o Tempo. Mas tenho o dever de insistir no que quero e o momento é hoje porque hoje é o sempre mais próximo de nós. Em todas as coisas que vou pensando aqui e agora encontro-te em histórias de nós e planos de amanhã. Não quero contigo dias de espuma, quero passado, presente e futuro bem medidos. Quero dias bem dormidos e acordados em nós. Quero-te infinitamente e quando esgotarmos o tempo que temos quero-nos a eternidade. Tenho a certeza que tudo muda, menos a intensidade do que te sinto em mim e do que sei que somos, uma.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Porque sim

Gary Arthur Douglas, Because

Porquê? Não sei, não se explica. Acontece sem darmos por isso, acontece uma vez na vida aos poucos que têm essa sorte. Acontece a pouca gente e não se explica. Sente-se e eu, que te sinto tão completamente, desespero por não me saber explicar com a mesma clareza com que te sinto a minha vida. Sinto-te desde sempre e não sei como, mas sinto-te como sei que existo e tu existes e sei a força com que vivemos o 'nós'. Porque amar é não saber nada e sentir a inevitabilidade da entrega num gesto natural. A intensidade com que te vivo não se explica porque o amor é um estado de alma e não uma ciência do conhecimento. O único livro que recordo àcerca do Amor é a tua pele na minha, os teus olhos e o tudo que neles leio. O coração vê através da alma e ama por impulso. Porquê? Porque o que a razão não explica, o coração conhece de cor. Porque sentir é viver e amar é ter um sentido, um destino a cumprir. Amar-te é acreditar que somos eternamente. Porquê? Porque sim, porque é assim que nos sinto desde o princípio... sem fim.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

De dentro

Yiannis Logiotatidis, Flowers series, 2006

Vem de dentro este sentir-te, de um lugar que eu não sei o nome mas que fica no lado mais inteiro e mais seguro da alma. Vem de dentro este lugar onde existimos eternamente e somos sempre mais para além do tanto que já nos sabemos. Vem de dentro este infinito que nos aninha e nos desassossega o sono. Vem de dentro este oceano de saudades que nos fica no intervalo das horas sem nós. Vem de dentro este céu e terra combinados, sem chão nem tecto, num momento de um beijo. Vem de dentro este conhecer-te antes de encontrar-te e esta espera sem adivinhar que existias. Vem de dentro, de um sítio que eu não sei o nome, mas que existe do lado esquerdo de nós que nos garante a vida e a eternidade também. Vem de dentro o tempo, a luz e a força do que somos. Vem de dentro da alma o coração que, de tanto te amar, cresceu e encontrou o sentido de 'sempre'.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Depois do fim do ano

Frame de "O Estranho Mundo de Jack" (A Nightmare before Christmas), 1993


Já passaram seis dias, faltam 360. Não chego tarde, venho a tempo de desejar a todos os que contemplam a transparência do vidro que o novo ano multiplique os momentos de felicidade de 2007.
Menos do que isso é dispensável.