sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Boa memória

Jeff Waldorff, Partial Lunar Eclipse (20FEV2008)

Ainda que passem anos que podiam ser milénios, a memória do eclipse que só tu e eu conhecemos não desiste. No centro do universo o eclipse acontece noite e dia, mesmo nos dias cinzentos em que as nuvens deixam ver um pouco menos do céu que somos incondicionalmente. E quando a terra esconde o sol da lua, o calor vem de dentro e sente-se o infinito como rumo. Encontro-nos no centro do universo, sempre mais absolutas do que a física que nos explica o princípio da vida. Sabemos onde estamos mesmo que o mundo fique às escuras, estás em mim e eu em ti e, ainda que nos falte o chão durante a falta de luz, sinto-nos o equilíbrio de quem caminha uma ideia concreta de Amor. Hoje sabemos um pouco mais do 'nós'. O que aprendemos e cumprimos com dedicação é que o eclipse é infinito quando os astros se alinham em pleno na rota definida pelo Amor.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Perto do céu

Kevin Sargent, Still, 2007

No céu que encontro em ti, desenho, com a ponta dos dedos, mil caminhos que quero percorrer contigo. Desenho braços estendidos para chegarmos mais depressa ao tudo que construimos no aqui e agora. Mas por enquanto é hoje e hoje a vida acontece, não há tempo a perder. Por isso, vivemos nesta intensidade que ninguém iguala, nesta vontade de viver para sempre, neste Amor sem descanso e sem medida. Porque o Amor é inadiável, porque tu e eu somos Uma, sem tempo, sem distância, incondicionalmente. Na pele que me tocas, gravo o teu corpo e abraço a alma. Seguro o coração nos beijos que te encontram a toda a hora e espreito-te um céu a perder de vista na força com que te abraço. E toda a Vida és tu. Somos esta vontade infinita de nós que moldamos afincadamente e a forma que lhe damos não se quebra nem se gasta. Nada em nós respeita o tempo - seguramos o momento e pertencemos à eternidade.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Hoje não vamos trabalhar

Jonas Svedberg, Frozen Ghost, 2005

Todas as noites te deixo um anjo debaixo da almofada para que te passeies por sonhos felizes da noite para o dia, onde somos infinitamente o Amor que nos veste a alma para além da pele. De manhã quando acordares o Amor será maior, porque os dias passam e nós crescemos mais algumas horas. Somos mais do que ontem, seremos sempre mais do ontem. Aos dias vamos acrescentando muito, um pouco de cada vez. E neste tanto que somos, tudo é pouco porque sentimos um absoluto para além do tudo. Somamos os dias, demasiados pequenos para cabermos neles completamente, às noites, demasiado curtas pelo que deixamos de dormir, à procura do sempre que vem de dentro cada vez mais terra firme à nossa espera. O abraço em que me seguras durante a noite é o universo inteiro onde viajo sem fim. Se dormimos aninhadas num beijo que nem o sono distrai, o Amor encontrou a sua casa. Debaixo da almofada, o anjo que te guarda enquanto durmo fala-te de mim e conta-te o resto da história de nós no passado, no presente e no futuro. Regresso-te pela manhã num beijo cada vez mais infinito. E ao mesmo tempo te sussurro 'Hoje deixamos o mundo à nossa espera e ficamos em nós todo o dia...'

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Quero-te

Idle Hands, Te quiero

Quero-te, muito, talvez mais do que no tempo em que não te tinha e obsessivamente sonhava em voltar a ter-te. Quero-te sem peso nem medida, mais do que tudo porque o meu tudo és tu e quero que sejas infinitamente o Amor da minha vida e depois disso também. Querer-te tão completamente nunca é suficiente, porque quero sempre mais, quero-te um universo sem fim e o centro da terra ao mesmo tempo e amar-te assim, incondicionalmente e sem contradição. Quero-te hoje a adormecer como amanhã em corpo vivo. Quero-te ontem e depois de amanhã e sempre, mesmo tendo-te sempre aqui comigo. Quero-te para além de mim, intemporalmente, porque o meu querer é perfeito e transcende o meu próprio fim. Não sei sentir-te menos nem imagino um querer mais forte. Amar-te é esquecer-me de dormir distraída pela força indomável que és em mim.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Acordei-te?...

William Mahan, Gravel Shadows, 2007

Escorre azul de céu do quadro em que nos pinto eternas, sem tempo nem lugar. É um azul feliz, quase tão luminoso como a luz que te descubro todos os dias e me aquece a alma sempre mais um bocadinho para além do tudo. É um azul feito de pedaços de sol que encontro nos teus braços e me aconchegam mesmo nos intervalos do nosso abraço - são pedaços de calor que as saudades não arrefecem e nem o tempo extingue. E ainda que sinta infinitamente a tua falta quando não te tenho à distância de um beijo, sinto-te em raios de luz por dentro a partir do coração. Procuro-te a pele como o céu azul envolve o sol. Passeio-te o corpo nessa vontade de paraíso e encontro-te o mesmo desejo de mil cores e um querer infinito. Por vezes, somos Uma, outras vezes somos 'nós'. Somos sempre mais do que duas partes separadas, tu e eu. Somos Amor numa peça única. Ontem éramos uma ideia de sempre, hoje somos para sempre e mais um dia. Amanhã seremos eternamente. Tenho vontade de te acordar para te dizer que hoje já é amanhã e que os nossos dias não têm fim...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Robustez


Damon, 1937 Bentley, 2005

Enquanto dormimos, passeio-nos num carro de luxo antigo por caminhos que sonho contigo acordada. E quando a manhã nos regressa, desistimos do carro e continuamos a pé o nosso caminho cada vez mais próximo do sonho. E porque andamos e sabemos onde queremos chegar, vão acontecendo, todos os dias, coisas que nos surpreendem pela velocidade a que nos confrontam. Porque, às vezes, o mundo acontece mais depressa do que o pensamos. E sorrimos por dentro o que os olhos veêm por fora e a alma sente tão profundamente. E ainda que as partes que vamos construindo sejam, inesperadamente, mais do que imaginamos, somos muito mais do que modestamente julgamos, somos tudo e queremos TUDO porque menos não faz sentido. E amanhã teremos o dobro do tamanho, porque crescemos todos os dias dentro e fora de nós. Transbordamos um querer, uma vontade e a fé no eterno que somos nós. Tenho a certeza que todos reparam no que os meus olhos te escrevem no ar e acredito no beijo infinito que me devolves. Tenho a certeza de que quem nos repara reconhece a raridade em que acontecemos e vivemos ao segundo. Porque o Amor é raro e, no beijo infinito que transbordamos, somos únicas. Porque a nossa disponibilidade para amar é incondicional, é maior do que o sonho e tão imensa quanto a eternidade que nos vestimos todos os dias sempre mais intensamente... Menos não seria Amor simplesmente.

A difícil Arte de Amar

DRUIEL ,

O Amor é tão simples que, por vezes, soa a improvável. Porque é difícil acontecer. É raro. Mas acontecendo é de uma simplicidade pura e absoluta. Não se explica, acontece, vive-se em tudo o que somos e torna-se impossível viver sem ele. Não é fácil encontrar o Amor e muito mais difícil é o Amor encontrar-nos. Morremos aos poucos quando perdemos o Tudo que encontrámos. E mesmo perdendo, quem ama verdadeiramente sente-se maior porque, por muito que doa, pior seria nunca ter amado. OBRIGADA PELO PRÉMIO.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Calha bem

Anabark, Um beijo infinito, DEZ07

Foi quase assim que a vida começou. Quantas vezes podemos nascer de novo? É hoje o dia exacto do que eu te descubro todos os dias - o meu caminho, a minha fé, a minha vida. A certeza absoluta de sempre em cada beijo. 'Será que isto alguma vez nos vai passar? (não respondas, eu sei a resposta.)' . O que é infinito não passa, meu amor. O tempo passa, o Amor que nos escolheu não tem fim, não passa nem em ti nem em mim.
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HARRY: How about this way? I love that you get cold when it's seventy-one degrees out. I love that it takes you an hour and a half to order a sandwich. I love that you get a little crinkle above your nose when you're lookin' at me like I'm nuts. I love that after I spend the day with you, I can still smell your perfume on my clothes. And I love that you are the last person I want to talk to before I go to sleep at night. And it's not because I'm lonely. And it's not because it's New Year's Eve. I came here tonight because when you realize you want to spend the rest of your life with somebody, you want the rest of your life to start as soon as possible!

in «When Harry Met Sally» (Rob Reiner, 1989, EUA)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Antes de amanhã

Abba Richman, Coloured Wall #5, 2003

Colecciono cada pedaço de nós como pedras preciosas que constroem o nosso sempre com paredes coloridas, seguras e resistentes ao tempo. Por vezes, enquanto não chego ao sono, escolho memórias e vivo duas vezes momentos únicos como tu. Hoje é o dia de véspera e, mesmo que não seja o dia exacto, antecipo a ansiedade de um hoje, vivida por duas vezes no passado. Porque amanhã é o dia e já passou algum tempo entretanto, mas nos meus lábios foi ainda há bocadinho, porque o calor dos teus me ficou na boca, a embrulhar-me o coração. E atrás dos lábios vieram palavras que eu imaginei e quase escrevi, em teu nome, para mim. E nesta ansiedade em que vou antecipando o dia de amanhã, seguro-nos a alma num abraço infinito que nos faz Uma e nos descobre um mundo cheio de cor, erguido e pintado em nome do Amor. Enquanto não adormeço e me encosto nas palavras que encosto a nós, digo baixinho o teu nome para que as paredes que nos recordam entendam quantas cores nos escrevem a vida num coração único em dois peitos separado.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Espalhadas pela casa

Robin Mitchell, It is Fall once again, 2007

Na nossa casa não faltam coisas que, por tudo e por nada, nos lembram do amor que vivemos sempre mais e maior na passagem dos dias. Na nossa casa espalhámos por todo lado instantes únicos e intemporais, que nos saltam à vista mesmo depois de vencidas pelo sono. Na nossa casa, embrulhamos o presente em memórias do passado que nos encontrou numa mesma rua e nos fez sonhar as duas o mesmo futuro. Nos quatro cantos da casa há partes de nós em diversos tempos e num mesmo movimento de alma que se entrega por inteiro. E, por tudo e por nada, as coisas que não faltam para dar conta do amor que vive cada vez mais amplo no que transborda de nós cobrem o chão e as paredes e tornam-se incontornáveis. Já não sei quando, talvez ontem ou, se calhar, num outro dia qualquer, deixou de haver tecto, porque tudo cresce à nossa volta e o espaço, que sendo grande é pequeno para um 'nós' do nosso tamanho, falta-nos para as coisas novas que, amanhã, espalharemos pelo chão para agarrar as coisas do dia seguinte e depois disso até ao fim dos dias. A nossa casa guarda o que vive o coração e a eternidade do que sente e do que somos tu e eu, sem princípio nem fim.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Primeiras impressões


'Vês como foi fácil...' a primeira frase que te ouvi, as primeiras palavras no momento em que os nossos olhos se encontraram, a primeira imagem em que te recordo são hoje o meu primeiro pensamento ao acordar. Hoje é um dia diferente e será sempre assim para o resto da minha vida, porque hoje estamos aqui onde não imaginámos há setecentos e trinta dias atrás. Hoje somos um universo inteiro que se expande cada vez mais infinito, somos um caminho, um sentido, uma vida que se cumpre, rara e única no encontro com o Amor. Não passou muito tempo, foi quase ontem, mas quero poder dizer que já passaram muitos anos depois disso, porque merecemos e porque acreditamos na nossa história com princípio mas de final impossível. O tudo em que vamos acontecendo é para sempre porque todos os dias é mais, muito mais do que as palavras explicam. Porque o Tempo passa e somos infinitamente mais Amor e paixão que não sossegam nem de noite nem de dia. Quem ama verdadeiramente não tem horas nem dias de calendário, quem ama mede o tempo pela vazio da ausência e perde-se nas saudades que quase matam e na ansiedade de voltar ao abraço de quem espera com igual desassossego embrulhado na mesma intensidade. Assim te sinto eu, ontem, hoje e amanhã. Assim aninhamos nós as noites no corpo incendiado. Assim nos descobrimos um sempre que começou no dia de hoje há dois anos atrás. Quero-te tudo, sempre mais do que ontem.