terça-feira, 9 de março de 2010

Parece que é

Cosmo, Dusseldorf Hafen #2, 2009

No fundo, vemos o que queremos, da forma que melhor nos convém. A realidade será outra coisa qualquer, nem concreta nem definida, algo elástico, variável em função de factores inconstantes como a luz, o ponto de observação ou a capacidade cognitiva do sujeito, por exemplo. No fundo, nada do que parece é e de nada do que é realmente temos absoluta certeza. E ainda que acreditássemos na realidade tal como a observamos, erraríamos, porque a verdade é inatingível como a essência do tempo, que só usamos de forma conceptual por uma questão funcional e porque temos absoluta necessidade de medir o universo à escala humana. Porque não sabemos de onde viemos nem para onde vamos. No fundo, a dúvida define-nos como espécie viva. No fundo, a maior parte dos mortais não tem a menor ideia do seu propósito de vida. Respiram apenas um dia atrás do outro. A realidade é o que cada um conseguir perceber de si próprio na sua relação com o mundo. No fundo, o Amor é um estado avançado de percepção do ser.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sobreaquecimento

Ilse Rehn, Secret Journey, 2010

Tocar o corpo a caminho da alma encontrada. Sentir o corpo com a intensidade da vida que o coração controla. Fundir a alma no mesmo compasso que nos descontrola o corpo. Derreter por dentro a queimar por fora. Ontem é também hoje e assim será deste lado do universo, onde tu e eu somos o espaço infinito de um corpo só.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Capricho da Natureza

deep-x, sem título, 2010

Continua a chover por todo o lado. A chuva passeia-se pela rua e dentro de algumas casas, não poucas, também. E de pouco nos adianta a saudade de dias de roupa leve e céu aberto e lento. De nada serve queixarmo-nos do corpo encharcado e cheio de frio que arrastamos todos os dias por entre os intervalos da chuva, vento ou as duas coisas ao mesmo tempo. O Inverno reina no tempo dele, indiferente à indignação humana. E nós queixamo-nos por haver estações do ano umas menos azuis do que outras. Queixamo-nos da falta de água quando a chuva não chove e, quando chove, achamos sempre que é em demasia, convencidos de que sabemos melhor do que a Mãe-Natureza em que quantidades deve vir e ficar o Inverno. Melhor seria preocuparmo-nos em pensar soluções para melhorar o tempo dos homens em vez de dedicarmos os nossos dias debaixo de chuva a discursos inúteis sobre a metereologia, cheios de queixas infantis e caprichosas contra aquilo que realmente não podemos mudar nem alterar de acordo com vontades, jeitos e conveniências... e ainda bem.