quinta-feira, 31 de maio de 2007

A casa em que te sonho

Anabark, Casa (MAI07)

Todas as noites te sonho numa casa feita de nós, com quatro janelas para alma e uma porta ao centro, à entrada do coração. E na nossa casa feita de sonho nenhuma das janelas terá cortinas, porque a luz que nos ilumina vem do sol que trazemos dentro neste tanto que nós somos uma na outra. E a porta, sem fechadura, terá a segurança de um amor infinito tatuado para sempre nos quatro cantos do coração. Na casa que te invento, o tempo não existe, só a vontade de sermos eternamente Uma. Na casa que te invento, o tempo sou eu e tu. E no que nos sonho nesta casa feita de esperança, somos um quarto aberto, imenso, de paredes brancas que escrevemos como páginas de um livro. Adormeço todas as noites na história que se escreve numa tinta permanente que nos escorre da alma com que nos damos. Somos a história que o coração segreda à alma e que o corpo sabe ouvir e viver com absoluta paixão. Na nossa casa feita de sonho nunca adormecemos, porque o desassossego que nos acorda é esta intensidade de sermos tudo completamente - a vida inteira de amor para sempre.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

À porta do nº 8

Anabark, Nº 8 (MAI07)

Há uns dias atrás fui à tua procura noutro tempo que não este onde existimos. Fui procurar-te na infância e deixei-me ficar num abraço imaginário ao que não te conheci. Apeteceu-me adormecer à tua porta de criança, à espera de te ver debruçares-me na janela um sorriso cheio dos dias felizes da infância. Apeteceu-me ficar ali imóvel, de respiração suspensa à espera de ver-te sair a correr para chegares mais depressa a lugares cheios de vagar, que te deixavam ser tu livremente. Enquanto te procurava rua abaixo, fui coleccionando pedaços de ti que ficaram por onde passaste, ainda vivos na tua memória. Aprender-te é também querer conhecer-te nesse ontem e, nesse ontem, senti-te feliz. Procurei-me um abraço feito de ti, precisava de um abraço e esperei-te. Encontrei-te no coração exactamente como no dia em que me apaixonei por ti. E mesmo não te conhecendo dessa infância, tenho a absoluta certeza que já nos cruzámos na vertigem do tempo. Conheço-te de um passado que apenas imagino ou, quem sabe, de outra vida, ou não faria sentido eu sentir-te tão completamente no passado, presente e futuro. Leva-me a esses lugares sem pressa onde passas horas a brincar e nunca me deixes, triste, fora da brincadeira. Tenho saudades de tudo em ti, mesmo do tempo que te viu crescer feliz. Durmo secretamente à tua porta, em pensamento posso tudo. Quando passares, vou soprar-te o meu nome ao ouvido e dizer-te: 'Meu Amor, deixa-me estar para sempre na tua vida'.

domingo, 27 de maio de 2007

Brinca comigo

Anabark, Red (C'MON), MAI07
Anda lá, eu empresto-te o meu boneco.
Podes brincar com o meu C'MON sempre que quiseres, mesmo quando te chateias comigo!
Eu empresto-te na mesma.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Conta-me histórias

John Sands, End, 2004

Passeia-te comigo nos mares de algodão onde te sonho e recorda-me, vezes sem fim, a vertigem do primeiro beijo. Deixa-me navegar-te por entre as ondas do tempo e traz-me à memória o instante em que o 'sempre' nos aconteceu. Fala-me dessas histórias do princípio da vida, embala-me com pedaços de 'nós' até eu adormecer. Gosto de saber que te lembras e de te ouvir recordar coisas que, às vezes, imagino partes de um sonho feliz longe de realidade. Estou acordada e o mundo não é perfeito, mas tu e eu existimos e somos 'nós'. O mundo não é perfeito, mas o mundo não existe, nada mais existe quando estou contigo. Enquanto não adormeço, descreve-me, ao ouvido, o sabor que fica nos lábios quando um beijo nos diz tudo, conta-me outra vez histórias do amor que nos descobrimos. Lembro-me de tudo, mas gosto de passear contigo na seda que nos embrulha, permanentemente, corpo e alma. Adormece-me nesse abraço do que somos infinitamente tatuado no coração.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

'F'... faz bem à saúde

Anabark, No banco da cozinha... (MAI07)

Recordo-te entre um cigarro e outro nesse lugar e imagino-te, vezes sem conta, no momento em que pensas em mim nesse mesmo sítio de onde nunca cheguei a partir. Tantas vezes viajei por lá, em pensamento para te encontrar sem te dares conta, que faço parte das paredes de onde fico a contemplar-te, entre anéis de fumo, no banco da cozinha. E tenho inveja do cigarro que te passa pelos lábios enquanto não te beijo para além do pensamento. Sei que te dás conta que te penso ao mesmo tempo que tu e que te desejo tão incontrolavelmente como tu a mim. Não resisto a revisitar-nos nos intervalos do tempo. Quando não souberes onde eu estou, encontras-me sentada no banco da tua cozinha à espera que acabes o teu cigarro e te venhas sentar em mim.
"...I've been kissing my cigarette wishing it was you..."
The 6ths, "Kissing Things" («Hyacinths & Thistles», 2000)

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Entre o mar e a areia

Anabark, A caminho (MAI07)

Os caminhos da pele que te percorro enquanto não adormeço lembram-me a areia lisa beijada pelo mar. E, enquanto não adormeço, beijo o imenso areal em que me desejo num tempo infinito em que a única dimensão és tu. Caminho-te lentamente, não tenho pressa de chegar onde não existe fim, mas apenas o espaço entre dois passos um a seguir ao outro. E neste abraçar-te intensamente com braços do coração, perco-me em ti, procuro-te em mim e encontro-nos em 'nós'. Passeio-me na certeza do caminho em que acontecemos e sorrio a olhar-te nos olhos onde me sinto em casa. Quantas vezes é possível apaixonar-me por ti? Todos os dias te descubro e a paixão, que os outros dizem passageira, acontece com a mesma vertigem de um primeiro beijo. Caminho-nos por todos os recantos do corpo, da alma e do coração num estado de urgência absoluto e incontornável. Mergulho-te no mar que seguro nas minhas mãos e repouso na areia molhada e lisa, onde te desenho palavras de amor que o mar vem buscar. E voltamos ao princípio, tudo recomeça entre a areia e o mar muitas vezes seguidas. O mar enrola na areia porque se sente sente feliz.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Sem mãos

David Boyett, CD V777-1 Radiation Detection Kit, 2006

Ontem eu tinha medo, hoje já não tenho. Ontem não sabia o que ia acontecer, hoje também não, mas pouco importa quando estás ao meu lado. Hoje o dia amanheceu mais inteiro, mais perto do essencial. Sinto-te na mesma certeza que me embala a mim, sinto-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença para o resto da nossa vida. Neste sentir infinito, que abraço - hoje sem mãos - com alma e coração, repouso o sonho de existirmos por inteiro e livremente. O meu sonho e a minha vida és tu e eu não sei viver sem te pensar sempre e em toda a parte. Sinto-te como um sopro de vida e, portanto, hoje já não tenho medo. Os teus braços seguram o que os meus, por hoje, não podem segurar e reparo na tua boca cheia de beijos suspensos à espera de me poderam chegar. O meu corpo não sossega a vontade que tem de ti, mas hoje, que estou sem mãos, embrulho-te em pensamento num guardanapo escrito com a palavra 'Amo-te', sei que vais gostar! Obrigada, meu amor.
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I have no life but this
To lead it here
Nor any death, but lest
Dispelled from there;

Nor tie to earths to come,
Nor action new,
Except through this extent,
The realm of you


Emily Dickinson, XX (1924)


segunda-feira, 21 de maio de 2007

Dá-me lume

Anabark, Gás em estado líquido (MAI07)

Voltei e, enquanto não estive, houve um incêndio na minha cabeça que a distância não impediu. E o fogo queimou-me dias e noites numa cidade sem água nem árvores para arder. Apenas o corpo ardeu por dentro, a transpirar para fora o desejo de voltar rapidamente aonde pertence por inteiro e eternamente. Regresso-te com a urgência da vontade em que te sei e em que me consumo neste espaço de tempo que me separa de ti. Viver-te longe é nunca chegar ao destino porque fico sempre onde parti, porque tu és o meu único lugar onde quero chegar. Neste desassossego constante do que te tenho e do que me faltas perco horas a inventar-nos na intensidade que nos conhecemos. A chama arde sem fim, sempre firme e luminosa. Sinto-te a arder no mesmo fogo que em mim falho em controlar, porque nenhuma de nós sabe controlar o que o corpo, a alma e o coração comandam na mesma voz. Gosto deste calor que me queima a pele por dentro e por fora à tua espera. Gosto do fogo que arde sem se ver quando sozinha ando por entre gente. Mas prefiro infinitamente o incêndio que somos uma na outra, por cada vez que partilhamos saliva, suor e o estado líquido em que nos confundimos num mesmo corpo de prazer. Porque somos Uma, no que o coração ama, a alma sonha e o corpo deseja. Quero-te no meio das chamas em que te regresso. Quero-te nesse estado líquido de gás condicionado à espera de faísca. Quero-nos em constante risco de combustão, nesse perigo iminente que nos impõe o coração.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Volto já


Marisa Taddia, French Kiss, 1995

Enquanto não chego, deixo-te um beijo pendurado na vontade de voltar-te. O calendário contará sete dias, tantos quantos Deus demorou para criar o mundo. No meu coração terão passado sete anos ou talvez setenta, não sei, mas serão anos e não dias certamente, porque as saudades não se medem em dias, mas nos segundos que se contam lentamente e no que se morre entre um segundo e o próximo. Parto sozinha de ti e sempre contigo em pensamento, porque não sei viver de outra maneira senão neste lugar em que me habitas de forma permanente. Parto vagarosamente porque, sem ti, não tenho pressa de partir, apenas urgência em chegar-te. Abraça-me o regresso com a mesma força com que te embrulho neste beijo antes da partida. Enquanto não chego, beija-me lentamente no passar dos dias para que nem eu nem tu morramos de saudades. Espera-me como eu te espero e dá-me um bocadinho deste pouco que aqui deixo, espera-me com o mesmo tudo em que te levo e te trago de volta, num beijo à chegada.

domingo, 13 de maio de 2007

Chega-te aqui

Stu Egan, ... , 2007

Encosta o teu ouvido aos meus lábios e sente a brisa do mar com que te sussurro baixinho 'Amo-te tanto, meu amor'. E depois fecha os olhos, enquanto te embrulho na intensidade das palavras que te soprei, por cima do ombro, como um fôlego de vida em que preciso que acredites sempre. Deixa-te ficar no conforto de um amor que perdura sem tempo nem distância e todos os dias é mais forte do que no dia anterior, porque a força do amor mede-se na resistência ao mar revoltoso, aos ventos contrários e às correntes adversas. Deixa-te sentir que tudo vale a pena quando há braços que desejas e te esperam com igual desejo. Deixa-te estar assim, de olhos fechados, junto a mim, e descansa nos meus gestos que te dedicam toda a minha melhor atenção. Deixa-me dizer-te 'Para sempre' com a voz do coração. Encosta em mim a tua cabeça e deixa ficar comigo os pensamentos que te atrapalham. Deixa-me sentir sempre que és comigo e que juntas somos 'nós' para além do que nos intervala. Encosta os teus lábios aos meus para que sintas na tua boca a saudade que carrego em cada beijo. E deixa-me sentir as tuas saudades por todas as vezes que pensas em mim e que, de repente, te pára o pensamento com vontade de me abraçar. Estarei a sentir o mesmo e ao mesmo tempo de pensamento suspenso em ti e nesta vontade de te amar.

Nevoeiro

Werner Eickenscheidt, Misty distance, 2005

Dói-me a cabeça por tentar ver mais longe do que os meus olhos alcançam. Porque quero ver através do nevoeiro, dar forma precisa às manchas na paisagem para além do contorno disforme em que fixo o olhar. Ver mais além é acreditar que existe algo na distância, algo concreto para além da imaginação. Dói-me a vista pelo que me esforço em alcançar esse longe indefinido onde, provavelmente, nunca irei chegar. Enquanto a noite não me abraça, fecho os olhos para que descansem sem pensar e, assim, me aninho num longe que é para dentro, num nevoeiro que começa e acaba em mim. Na paisagem interior dói-me a distância de mim própria.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Sem peso nem medida

Michael Capozzola, Doorway in Mykonos

Encontro-te em cada esquina do que existo dentro e por detrás da porta da casa em que me invento. Encontro-te num sonho, em pensamento e depois na realidade. Encontro-te num abraço infinito a caminho da nossa eternidade. Encontro-te à minha volta onde tudo és tu e no meu mundo em que tu és tudo. Encontro-te sempre onde te procuro porque és, em mim, um sempre em toda a parte e, de tão presente, não posso deixar de encontrar-te. Guardo-te em cada canto da alma o que sobra do coração, porque o Amor ocupa espaço e o meu não tem peso nem medida. Guardo-te hoje com saudade e a sentir-te a falta mesmo no tempo em que não te conhecia. Não sei viver-te menos do que neste desassossego constante que me percorre noite e dia. Não sei querer-te menos do que este desejo sem fim de sentir-te a pele da minha pele, num incêndio de corpo único. Não sei amar-te menos do que nesta vontade incessante de passear-te o corpo e a cuidar-te com o coração. Encontro-te no que respiro, guardo-te no que sou, quero-te para sempre e amo-te um universo inteiro. Não posso amar-te mais porque mais é impossivel, mas posso amar-te por mais mil vidas ainda.

"...Tudo da tua pele me volta à boca,
volta ao meu coração, volta ao meu corpo,
e volto a ser contigo
a terra que és:
és em mim profunda Primavera:
em ti volto a saber como germino..."

in "Ode e Germinações, I", Pablo Neruda

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Amor Total

Linda Alstead, Loveboat on a sea of burning passion, 2006

Soneto Do Amor Total
Vinicius de Moraes
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e a miúde,
É que um dia em teu corpo, de repente
Hei-de morrer de amar mais do que pude.

Flor sem tempo

Anabark, Não sou romântica (MAI07)

Já pouco resta à minha volta que não sejas tu. Ofereço-te uma flor. Não é muito, apenas uma flor do campo, mas tu sabes o que guardo em cada pétala para me receberes. Uma flor silvestre não é muito, eu sei, mas a intenção é do tamanho do mundo e o Amor com que a seguro entre os dedos resiste às chuvas do inverno e aos ventos e tempestades da vida. É coisa pouca eu sei, mas é o que tenho mais à mão para te dar aqui e agora. Por enquanto, só te posso dar este coração cheio de vida que te reclama e se reclama teu. Este pouco que te dou é a promessa do tudo que te quero dar ainda. Guarda-me em ti, como a flor que guardas num livro sobre os dias de espuma em que a vida se desconta no tempo. Guarda-me a acreditar que há flores que nunca morrem. Ofereço-te as flores que forem precisas para me acreditares a tua flor sem tempo. Não floresço na primavera nem me encontras nas estações do ano. Renasço a cada instante em que me sorris com o coração. Sobrevivo com a luz do sol que assoma nos teus olhos quando olhas para mim. Ofereço-te uma flor tão pequena que se perde na palma da mão e é tão grande o meu Amor que só cabe num mar sem fim.

O Jogo dos 7

Linda Alstead, Why?, 2005

Angell,
Agradeço o teu desafio, mas eu não sei falar de mim assim, em palavras escolhidas que me definam em exclusivo, tal como não sei escolher 'três filmes' ou 'três canções' ou 'três livros da minha vida'. Não sei excluir em mim e resumir-me duma assentada. Era bom que soubesse, mas não me sei tão de cor e salteado, sem dúvidas nem equívocos. Gostava mas não sei. Obrigada pelo privilégio de estar entre os 7 amigos que consideraste para conhecer melhor.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

A espuma dos dias

Anabark, Toda a noite e todo o dia (MAI07)

De que cor são os dias que vivemos como noites e as noites que vivemos como dias? Têm a cor dos teus olhos e dos meus e do amor que neles vive em estrelas de mil tons. E têm a cor da tua pele na minha e da paixão que nos incendeia de beijos e abraços que não queremos nem sabemos interromper. Os nossos dias e as nossas noites são da cor dos corpos que não dormem nem perdem tempo afastados. São noites em branco e os dias cor dos lençóis das noites em claro. As nossas noites confundem-se com os dias como os nossos corpos se confundem no prazer que nos damos à margem das horas. Porque o tempo não existe quando te passeio de alto a baixo e porque as horas são a força com que me abraças por dentro e por fora e me sentes estremecer, de pele suada, contra ti. As nossas noites entram pelos dias no que nos perdemos de prazer uma na outra. Não perdemos tempo, pedimos tempo emprestado. Queima-nos uma paixão que não conseguimos pôr em dia. Não dormimos, as nossas noites não são noites de dormir. Não despertamos do sonho acordado em que apenas cumprimos uma pequena parte da vontade que nos devora. Adormeço encostada ao desejo de te ter sempre e em toda parte e acordo nesta vontade constante que tenho de ti. Não sei dormir ao pé de ti, mas adoro dormir contigo e ao mesmo tempo que tu. Adormece-me de cansaço apenas e acorda-me cinco minutos depois - é o tempo que preciso para voltar a acontecer na sucessão dos dias e das noites que abraçamos como nossos. Deixa-me embalar-te agora, acordo-te daqui a pouco se não me acordares primeiro.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Enquanto não chegamos

Anabark, À nossa espera (MAI07)

À nossa espera nada acontece e o tempo só existe pelas horas que nos faltam para existirmos completamente. À nossa espera a vontade não desiste porque queremos tudo o que a alma sonha e o coração sente. À nossa espera sonhamos o que, juntas, sabemos ser por inteiro. À nossa espera somos o mundo que inventamos enquanto esperamos. À nossa espera navegamos o mar infinito em que nos amamos. À nossa espera, no universo em que existimos já somos nós. Não sei de mim sem ti, não sei ser eu se te sinto em mim como 'nós' e, quando olhas para mim, nesse sorriso que me chega tão sincero e feliz, oiço-te a mesma voz que me diz 'És a minha vida, o meu princípio sem fim e o meu ponto de chegada'. E nesse sol que escorrega dos teus olhos aos meus, embrulhamos a fé no destino que nos prometemos. Acredito em ti porque acredito em 'nós'. Neste amor maior do que todas as coisas imensas e sem tamanho penduro a nossa espera e sigo, calmamente, a voz em que acredito: tudo vale a pena quando à nossa espera estamos 'nós'.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Sobre a mesa

U-Turn, Coração à vista (MAI07)

Hoje olhei para o passado, para a minha vida antes de ti, e confirmei o que descobri no dia em que me tocaste a alma e te deixei o coração sobre a mesa, escapado num beijo sem princípio nem fim. E nesse passado antes de ti, eu pensava que vivia e vivia o que pensava. Pensava, não vivia porque a vida chegou-me no momento em que nos encontrámos. Antes só, talvez, existia numa ideia de vida e, em tudo o que existia, havia uma cortina de fumo que me distraía do essencial. A alma inventava distracções e o coração poupava-se sem dar sinal. Distraindo-me não sabia o quanto me faltavas - eras uma ideia, um poema, algo que li em livro ou vi no cinema, não existias, nada era real. E chegaste tu e desenhaste-me um coração debaixo da pele que me acordou para sempre esta vida que és em mim. No coração que me deixas sobre a mesa guardo a saudade que, longe ou perto, nos transborda, porque Amor é este eterno fogo de nunca ter suficiente para igualar o muito que o coração sente. O tempo não chega quando tu és tudo e, no Amor, tudo é o desejo de eternidade.

domingo, 6 de maio de 2007

Um coração de estrelas

Anabark, Estrelas no tecto da cama (MAI07)

Voltei do céu de estrelas que acontecem nos teus olhos. Na verdade, não voltei, perdi-me no universo infinito que somos nós. Que ninguém fique à minha espera porque regressei a casa. Encontras-me onde tu e eu ficámos, onde estivemos sempre e onde somos eternamente Uma num céu de estrelas que tu e eu desenhamos.