segunda-feira, 30 de maio de 2011

nas decisões morremos também

J. Real, Structures

'...Optei por verdades e rotinas
definindo um percurso
que amanhã pode estar errado.
A maior valentia
é saber que fui capaz
de aceitar que falhei
nas vezes que escolhi.'

Diogo Cabrita

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Demónios interiores

Don Nieman, Living among the dead, 2005

Como tudo o que se promete, a vida acontece umas vezes cumprida outras vezes por cumprir. E o carácter de cada um define-se pelas escolhas que se fazem e pelo bem que somos capazes de perceber nos outros. Ver para além do umbigo é difícil, mas é preciso para não morrermos fechados em nós mesmos como vítimas das circunstâncias. Se formos generosos percebemos que o Mal não está nos outros, mas sim no egoísmo da autocomiseração e na nossa incapacidade de trocar o sofrer pelo agir. Se tivermos coragem de assumir o que é verdadeiro e optar pelo lado positivo, em que a vontade é igual ao Bem, o Mal passa e não nos toca, porque o Mal ocupa apenas o lugar deixado vago pela nossa passividade. E isso é suficiente para nos percebermos um bocadinho melhor e não imputamos aos outros a culpa de tudo o que nos acontece. Porque a culpa dos outros não é mais do que a incapacidade de nos gerirmos a nós mesmos, porque não gostamos de quem somos e projectamos esse desamor nos outros como um mecanismo de autopreservação, uma estratégia de sobrevivência. É mais fácil escolher ser vítima do que agir em nós mesmos. É fundamental compreender que não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar o que em nós está desordenado. Escolher ver o Bem é, antes de mais, aprender a gostar nós e privilegiar a paz de espírito. A partir daí, a visão do mundo altera-se, os demónios desaparecem e os outros deixam de ser uma ameaça. Evoluímos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pedra sobre pedra

Mike Davis, Stonework, 2009

E agora que tudo mudou e eu já não sou a mesma, os dias são também diferentes - as horas, embora as mesmas em número, parecem acontecer numa outra dimensão onde consigo encaixar todas as partes de mim que encontro desordenadas. Deixo para trás tudo o que não me reconheço, o que sei que não sou, e guardo apenas o que me faz sentido, o que consigo entender e cumprir em mim mesma. Em tudo o que me conheço e sei que sou existo sem conflito, com a tranquilidade de quem tem noção dos defeitos tanto como das virtudes. Não posso ser mais do que este estar assumido de obra imperfeita ao encontro de oportunidades de aperfeiçoamento.