quinta-feira, 7 de junho de 2012

Antes de logo

 
Steve Gosling, Wet and dry

Dentro do peito mora uma paisagem a perder de vista. E toda a luz que a ilumina não vem do sol nem da lua. A luz que me habita é o que sei que sinto sem contradição. Este dia que nunca anoitece em mim junta peças separadas e revela-lhes o sentido que sempre tiveram desde o princípio do Amor e que nas horas negras esqueci. Mantenho o calor que me deu vida e a claridade encontro-a no sarar da ferida. Um dia, por certo, tudo isto e o que sinto como meu Amor e minha vida deixará de ter importância pelo que o tempo ausente deita a perder no longe da vista entre nós. Um dia, por certo, a distância tornar-se-á tão irrelevante quanto irreversível, ou porque deixamos de ser o que nos conhecemos e amámos ou porque, tão longe estando, 'morremos' uma na outra nesse intervalo. Dizem-me que te vou esquecer... Mas hoje, a ausência não me vence, caminho o mesmo o Amor na mesma paisagem que, durante anos, inventei como luz sem fim.

4 comentários:

Anónimo disse...

Não importa o que dizem os outros, quando só nós sabemos como está presente o que sentimos. O tempo dos outros é sempre mais curto, mais distante. Mas quem sabe e sente que descobriu o Amor de verdade, não tem pressa, não tem tempo.
Por isso me leio tantas vezes nas suas palavras e sinto que percebo porque é que a ausência não vence...não vencerá nunca.

Always disse...

E que sabem os outros de nós melhor que nós mesmos? E que importância tem o que pensam que sabem melhor do que nós? É quase patético o que dizem, julgando que sabem do que estão a falar, tão rasos na visão do mundo e tão ocos no sentir!...

A verdade de quem sente é intransmissível. Não se espere de ninguém conselhos sábios. Se fossem sábios a vida dos outros seria perfeita e nós sabemos que toda a gente esconde as suas horas infelizes.

Obrigada, Mia, pela sintonia de quem percebe e sente a dimensão do que escrevo.

:)

C.S. disse...

A ausência vence-se, mas o tempo vence-nos. Um dia, acordamos, e é tarde demais por aquilo que perdemos na distância ou porque nos obrigámos a esquecer. Nesse dia ficamos sem nada, e somos consumidos pelo arrependimento do abraço que deixámos de dar... :/

Profundo o teu pensamento e palavras sentidas e cheias de poesia, Always!

Always disse...

C.S.

Esse é o verdadeiro drama da vida, as coisas que não fizémos e que nos arrependemos de não ter feito. Eventualmente, um dia será tarde demais... :/

Obrigada pelo teu comentário vivido... e pelo apreço expresso em relação ao meu texto. :)