segunda-feira, 21 de maio de 2007

Dá-me lume

Anabark, Gás em estado líquido (MAI07)

Voltei e, enquanto não estive, houve um incêndio na minha cabeça que a distância não impediu. E o fogo queimou-me dias e noites numa cidade sem água nem árvores para arder. Apenas o corpo ardeu por dentro, a transpirar para fora o desejo de voltar rapidamente aonde pertence por inteiro e eternamente. Regresso-te com a urgência da vontade em que te sei e em que me consumo neste espaço de tempo que me separa de ti. Viver-te longe é nunca chegar ao destino porque fico sempre onde parti, porque tu és o meu único lugar onde quero chegar. Neste desassossego constante do que te tenho e do que me faltas perco horas a inventar-nos na intensidade que nos conhecemos. A chama arde sem fim, sempre firme e luminosa. Sinto-te a arder no mesmo fogo que em mim falho em controlar, porque nenhuma de nós sabe controlar o que o corpo, a alma e o coração comandam na mesma voz. Gosto deste calor que me queima a pele por dentro e por fora à tua espera. Gosto do fogo que arde sem se ver quando sozinha ando por entre gente. Mas prefiro infinitamente o incêndio que somos uma na outra, por cada vez que partilhamos saliva, suor e o estado líquido em que nos confundimos num mesmo corpo de prazer. Porque somos Uma, no que o coração ama, a alma sonha e o corpo deseja. Quero-te no meio das chamas em que te regresso. Quero-te nesse estado líquido de gás condicionado à espera de faísca. Quero-nos em constante risco de combustão, nesse perigo iminente que nos impõe o coração.

2 comentários:

Angell disse...

Ora aqui está um texto muito "quente"! :)

Que essa combustão; arda sempre nos vossos corações! :)

Bjs!

Always disse...

Angell,

'Quente' como o corpo, a alma e o coração - a nossa maneira de estar uma na outra. :)

Beijos