sexta-feira, 28 de março de 2008

Envelhecer

Jeff Waldorff, 2008

O tempo há-de passar e nós por ele também e em nós ficarão as marcas dos dias e das estações. Somaremos escolhas, decisões e erros também. Seremos tudo isso e mais o que sobrarmos, mas nada disso importa, porque na alma guardamos a eterna juventude do primeiro dia que nos descobrimos como o resto da nossas vidas. Na alma permanece a inquietude do Amor que não sabe contar os dias, que vive na permanente impaciência de querer tudo e tudo ser insuficiente. Quem ama não envelhece nem vê envelhecer porque o Amor não tem tempo, o Amor é um sentido, uma razão de existência que não se mede no Tempo por onde passam os ponteiros do relógio. O Amor é o desassossego da espera e desespero de saudade. É nesta intensidade que te vivo e guardo à revelia dos dias. És e serás sempre o arrepio do primeiro beijo, o primeiro toque da pele na pele, a primeira vez que fizemos amor... O 'sempre' que te sopro ao ouvido, antes e depois de adormeceres, é a eterna luz da Primavera em que te vejo e te sinto tão profundamente hoje como ontem como daqui a 50 anos. Não há Tempo nem Vida para além de ti.

quarta-feira, 26 de março de 2008

É hoje o dia

Back to the start, The book of love, 2007

E por mais que te deixe no ouvido enquanto dormes as palavras de amor que não sei esgotar acordada, tudo é mais e tudo é pouco. E eu, que um dia me acabarei como tudo se acaba menos o Amor que nos segura a vida, vou precisar de voltar para te dizer o que me ficou sem tempo à espera de te aconchegar cada segundo do que somos. Porque tenho muito para te dizer, porque o Amor é imenso, tanto quanto o infinito. Porque te amo todos os dias mais e as noites são pequenas para te abraçar com a força com que te sinto em mim. Por isso adormeço depois de ti. Gosto de ficar acordada a ouvir-te adormecer de pele nua colada na minha, embalada por histórias de ontem e o sorriso de hoje. Gosto dos teus lábios nos meus antes e depois de adormecermos. Gosto de imaginar que, mesmo enquanto durmo, te encosto palavras de Amor para além do corpo e me ouves em sonho o sussurro do coração. Gosto da doce inconsciência com que me abraças enqunto dormes e dos teus lábios que me beijam sem dares conta, pela saudade que nos fica entre um sonho e outro. E porque acordo, sorrio. Tenho tanto Amor para te dizer...

quarta-feira, 19 de março de 2008

Encontro

...ao encontro do destino...

Não, hoje não temos nada para comemorar, não é uma data especial, não aconteceu nada neste dia, não me ocorre nada de extraordinário. Hoje não celebro nada em particular, celebro tudo de forma absoluta - todos os dias especiais e todos os dias que passaram sem rasto, celebro o que vivi a partir de ti, celebro uma vida nova, um mundo diferente, um encontro feliz, um momento único. Celebro o destino. Celebro-nos muito simplesmente. Hoje não é um dia especial porque todos os dias o são porque os vivemos à nossa escala e num calendário próprio em que os dias são celebrações continuadas porque existimos lado a lado dentro das horas que os preenchem. Celebro o passado que te trouxe, o presente em que te abraço e o futuro que nos sonho infinito. E acima de tudo celebro o inexplicável que te fez dizer quase antes de conheceres a minha voz 'Vês, como foi fácil?'. Porque nada acontece por acaso, muito menos o Amor. Foi fácil. Talvez porque nascemos para esse momento, porque a vida só começa quando lhe descobrimos um sentido.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Debaixo do sol

Ming, Reflection of Mount Garibaldi in Rampart Ponds 6838, 2007

O espelho do que somos reflecte o mundo à nossa volta que nos sente cheias de luz. À nossa volta só o Verão acontece e sol fica na pele todas as noites de todos os dias. E mesmo que lá fora o vento não nos deixe dormir e a chuva caía descontrolada, há raios de luz que resistem e nos seguram por todo o caminho. O destino somos nós, partimos iluminadas e na alma viaja-nos um sol inesgotável. Na alma guardamos segredos que ultrapassam as estações do ano. O coração pinta-nos uma paisagem onde a cor se renova enquanto caminhamos o destino que nos sonhamos.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Tanto para dizer...

Joshishots, Pencil Mark

Às vezes, o dia cansa e a noite é pouca, às vezes não sei que coisas ainda não te disse, mesmo quando penso que tudo o que disse é pouco e tanto fica por dizer quando o sentir é infinito. Às vezes, chego a estar tão adormecida que me esqueço de pensamentos entre as palavras e perco palavras por entre os pensamentos em que o sono me aconhega sem que eu dê conta. Há fins de dia assim, tão cansados que não sei o que escrever porque só me restam forças para embrulhar-me no conforto deste sentir-te tão completamente. E há madrugadas em que os meus olhos ardem, feridos pela luz onde encontro as poucas palavras que me restam. Hoje o dia teve mais horas do que o habitual e a noite é pequena para me repousar. Hoje já passou ou passará quando te disser bom-dia de braços em ti como amarras que te seguram no meu corpo. Falta pouco para ser dia e a vida regressar-me. E neste instante que roubo ao sono, à falta de palavras novas, deixo-te uma intenção, a mesma de sempre: despertar-te o dia de alma embalada no sussurro do coração. E por agora adormeço e espero a claridade, porque o dia só me começa quando me chega a luz de um beijo teu.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Firme

Adalberto Tiburzi, Nail in the light

Indiferentes ao tempo, porque o tempo não existe quando vivemos dentro e fora dele e seguramos essa certeza que nos transcende de que nada acontece por acaso, seguimos uma viagem de ida sem volta. Porque a viagem é vida, um caminho de cor. Em frente ficam todos os oceanos do mundo e terra infinita por descobrir. Preguei o meu destino na parede e sigo a luz que o ilumina. Seguimos como um rio sem regresso, que nos desenha a paisagem nas formas que imaginámos. Caminhamos, juntas andamos mais depressa e o nosso passo é firme. A mão que seguras nas tuas está cheia de vontade. Os olhos que se perdem nos teus mostram-te a alma de quem não vê mais nada para além de ti. As palavras são escassas, imperfeitas e, muitas vezes, desajeitadas. O coração serve para corrigir erros e amar-te perdidamente para além de mim.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Depois de amanhã de depois

Carolyn Lim, Timeless, 2005

Sem tempo e sem lugar preciso é o Amor que nos empresta a calma e nos faz chegar ao longe que, vezes sem conta, imaginámos. Agora que o longe é daqui a bocado, olho para trás e vejo-nos sempre do mesmo tamanho, maiores do que a vida e à altura da eternidade. Sonhámos sempre longe, quisemos sempre tudo por inteiro e não soubemos desistir desse tudo que valia a pena porque a alma era infinita. E do longe se fez perto, tão perto que estamos quase a chegar. O passado que foi ontem era um sonho de futuro. Hoje está à beira de amanhã e nós somos todas os amanhãs do tempo. Falta pouco e somos já tanto. Somos hoje o que sonhámos ontem e soubemos cumprir aos poucos. Somos hoje um nós para além de todos os dias seguintes, abraçadas a esta vontade de tempo sem fim. Somos o resto da nossa vida e para além disso aquilo que houver. O que somos não se acaba numa vida.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Renascer

Anabark sobre 'Sprayed 2' de AnnLT


Renascer - voltar - Regressar à vida... PARABÉNS A NÓS!

terça-feira, 4 de março de 2008

Terra à vista

Robin Mitchell, Sem título, 2004

De vento em popa, o nosso barco avança por mares imaginados. O sonho cumpre-se e o futuro é quase agora. Ao leme prende-se a vontade de sempre e agora mais valente do que nunca. De vento em popa, navegamos cada vez mais perto da margem que nos cumpre e onde não tardaremos chegar. Atravessámos o mundo inteiro para chegar a este lado e a terra do sonho existe porque acreditámos. Contra ventos e marés nós navegámos e se longa nos pareceu a espera, adivinha-se a ansiedade da chegada. Não tardamos, meu amor, aproxima-se amanhã e amanhã somos nós embrulhadas pelo sonho que aqui nos fez chegar. De vento em popa, avançamos para a terra que a nossa vista alcança com olhar do coração e a vontade infinita da alma. Daqui a pouco lançamos âncora a duas mãos e desembarcamos para um único chão.