terça-feira, 8 de maio de 2012

Para além do espelho

Anabark, Meio Espelho (MAI2010)

Tudo o que o espelho deixou de ver, desapareceu para sempre, como estilhaços de vidro quebrado sem qulaquer utilidade ou lágrimas que ninguém vê nem enxuga. No espelho só as paredes ficaram e as manchas de sujidade que o tempo lhes vai acrescentando. As recordações envelhecem mais depressa que os sentimentos e a memória exacta das coisas, na sua dimensão plena, perde-se na distância que nos vai sobrando entre pormenores. Deitei fora coisas inúteis, ressentimento sobretudo. Tenho falta de espaço, quero guardar o beijo e o abraço que vivi, por inteiro, acima de tudo. O resto, porque me é inútil e me queima um buraco no peito, perdoo e arrumo num lugar longínquo. Não esqueço porque esquecer é não aprender e a vida é um movimento constante de querer saber o que nos falta. E falta-nos quase sempre tudo, incluindo a disponibilidade para entender o mundo para além do nosso umbigo.

4 comentários:

Thinkerbell disse...

"Não esqueço porque esquecer é não aprender e a vida é um movimento constante de querer saber o que nos falta." Adoro!

Always disse...

:)...Se soubéssemos e compreendêssemos tudo perdíamos todo o mistério e encanto. A virtude é uma meta, a vida um caminho.

Obrigada, Tinkerbell! :)

Abraço.

Anónimo disse...

Guardar para além de tudo o que nos deixa a alma confortada .Esquecer seria um não saber aprender a lidar com as adversidades. Também eu guardo o beijo ,o abraço, a ternura.
Mas quero tornar a Amar.

Always disse...

Anónimo,

Não é por perdermos o amor de alguém que deixamos de amar, antes fosse! O ammor verdadeiro nunca morre!!

Não amar é triste, seca a alma e isso torna as pessoas amargas e frias, fechadas sobre si mesmas. Melhor amar a imperfeição do que um ideal que não existe a não ser em em fantasia.

Abraço!