sábado, 5 de maio de 2012

Anabark (original de U-Turn), Desvanecer (MAI2009)

Passei de fugida pelo quarto das recordações e roubei a cor das paredes e dos objectos que encontrei. Deixei tudo a preto e branco no mesmo sítio. Não desarrumei mais nem arrumei o que está desarrumado. Apaguei a luz e saí. Fecho a porta atrás de mim. Levo a cor comigo e os dias e as noites infinitas. A luz pertence-me, não se apagou em mim. O resto é escuridão que não é minha, que não sinto nem entendo. Onde o sol não se deixa entrar não existe cor e durará para sempre a falta de calor. Não entendo quem escolhe a rigidez do preto e branco. A minha exigência é outra, é ter na alma o infinito, sabendo que a verdade é uma zona cinzenta que cada um vive na sua própria versão.

10 comentários:

Anónimo disse...

Que lugar tão cheio de "essencias", o do teu coração.
Lindo texto,belíssima foto ;)

Always disse...

Obrigada, 'Anónimo' (gostava de ter um nome se puder ser...), pela tua leitura que vai para além das palavras. :)
As palavras são limitadas e muito dificilmente serei exacta a traduzir, através delas, a vida que me anima o coração. Por vezes, as imagens dizem o que falta nas palavras.
Beijos!

Isa disse...

Belíssimo texto, cheio de substância! Parabéns pela perfeita combinação do discurso metafórico apoiado pela foto manipulada do quarto vazio e sem cor.
Quem sente desta maneira tem uma alma grande!
Ainda que seja um privilégio esta partilha virtual, gostava muito de conhecer-te em pessoa (não serei a única a dizer isto, és uma pessoa fascinante...)Vê email, por favor! :)

Ana M. disse...

Tenho passado por aqui regularmente e tenho de dar-te os Parabéns pelos belíssimos textos que escreves de uma forma única. Para além da sensibilidade (rara) da tua escrita, é também evidente que és uma pessoa altamente inteligente.
A visão 'a preto e branco' é típica de pessoas que sofreram experiências traumáticas em termos de afectos, seja na infância seja na adolescência, seja no início da sua idade adulta, que lhes causaram muitas insegurânças. São pessoas que tendem a gerir os seus afectos em circuito fechado e com distorção da realidade (visão a preto e branco), eles são o centro e o modelo ideal, ou seja, eles 'dão mais do que recebem' e acham-se injustiçados. Pareces ter tropeçado numa pessoa deste tipo, infelizmente. Essas pessoas são antes de mais vítimas de si mesmas, infelizmente para elas.

Não leves a mal eu dizer isto, mas é importante que tenhas consciência que nada do que tu faças ou dês será suficiente para essa pessoa. Esquece. Mereces mais e melhor, mais à tua escala que é de um nível de maturidade superior.
Desculpa a sinceridade de alguém que nem sequer conheces, fica bem!

Anónimo disse...

Para um coração assim como o teu,margeado a tantas delicadezas ...podes chamar-me "Serendipity",pois certa estou de que o encontro com o teu blog nada mais é que uma das minhas "descobertas felizes por acaso". ;)

Always disse...

Serendipity,

:)... Gosto do conceito, ainda que, pessoalmente, acredite que o 'acaso feliz' só acontece a mentes que estão preparadas para o reconhecer... :)

Always disse...

Isa,

Agradeço-te a atenção e o apreço ao que escrevo. :)
Lerei o teu email, com certeza! Obrigada! :)

Always disse...

Ana M.

Obrigada pela fidelidade a este espaço, percebo pelo teu comentário que és visita regular e entendida e, por tal, não vou rebater o que escreveste, uma vez que faz todo o sentido a tua leitura.

Infelizmente sim, tropecei numa 'pessoa monocromática' e claro que para ela sou culpada dos piores males do mundo, reais e imaginários. A verdade é que só conhecemos a essência das pessoas quando co-habitamos no mesmo espaço. O que eu aprendi, acima de tudo, é que este tipo de pessoas não sabe viver acompanhado, não sabe partilhar-se nem partilhar. São absolutamente autocentrados por muito que se esforcem em parecer o contrário.

Não sei se mereço 'mais e melhor' mas sei que mereço amor igual ao meu, num dar e receber em dois sentidos.

Muito obrigada pelo teu esclarecido feedback! :)

Ana M. disse...

Tal como disse anteriormente, as primeiras vítimas são elas mesmas, mas arrastam gente com elas. O drama é que não percebem o amor que recebem.

Bjo

Always disse...

Não valorizam o que recebem, só têm uma medida, tudo começa e acaba em si mesmos, valorizam apenas o seu lado. Exigem dos outros obrigações sem reconhecerem direitos. Demitem-se de exigir de si mesmos as obrigações que impõem cegamente aos ouutros. Esta incongruência desgasta qualquer relação!

Beijo!