Anabark, Fading, (MAI2010)
No espelho, aos pés da cama, desfilava um tempo que era infinito na alma de quem nele acreditava. Sem horas, sem noite nem dia, sem assimetrias, tudo ao mesmo tempo, a vida num só dia. Esse tempo passou, o espelho ainda lá está e a cama continua branca e no mesmo sítio. E o fantasma do passado pendurado nas paredes que testemunharam quem ali trouxe um grande amor, pouco a pouco, torna-se a casa em si, o chão desaparece e o tecto é um céu sem fim. Por detrás dos cortinados, a lembrança de um perfume que já foi ar em toda a casa. Dantes havia música num rádio antigo, mas hoje o silêncio é o vazio de quem chegou sozinho, desarrumou a cama para fingir que ali dormiu e a meio da noite partiu por entre a chuva. Devaneio, dirias tu se me ouvisses. Não, respondo-te eu, nada disso.
2 comentários:
epá q foto! bjs
Eheh... minha!... :-)
Beijos!
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