sexta-feira, 4 de maio de 2012

Ruínas

Anabark, Fading, (MAI2010)

No espelho, aos pés da cama, desfilava um tempo que era infinito na alma de quem nele acreditava. Sem horas, sem noite nem dia, sem assimetrias, tudo ao mesmo tempo, a vida num só dia. Esse tempo passou, o espelho ainda lá está e a cama continua branca e no mesmo sítio. E o fantasma do passado pendurado nas paredes que testemunharam quem ali trouxe um grande amor, pouco a pouco, torna-se a casa em si, o chão desaparece e o tecto é um céu sem fim. Por detrás dos cortinados, a lembrança de um perfume que já foi ar em toda a casa. Dantes havia música num rádio antigo, mas hoje o silêncio é o vazio de quem chegou sozinho, desarrumou a cama para fingir que ali dormiu e a meio da noite partiu por entre a chuva. Devaneio, dirias tu se me ouvisses. Não, respondo-te eu, nada disso.

2 comentários:

rv disse...

epá q foto! bjs

Always disse...

Eheh... minha!... :-)

Beijos!