Tom Slatin, Abandoned Schoolhouse
Na outra ponta da casa esconde-se a lua nova em noite escura, e o tempo passa como um segredo nunca revelado de uma vontade impura. O vento bate à porta, entra e sai, veloz, pelas janelas, arruma e desarruma as cores esbatidas de uma velha tela. Sabe a noite uma história de luz que perdeu o dia, e a lua tem vergonha da sua figura vazia. E no que o tempo anoitece tudo é lento na sua infinita monotonia. As horas nascem e entristecem na contemplação de tão grande desperdício. Só o vento não se esquece de emprestar a toda a casa um ar de reboliço.
6 comentários:
Muito bom, Always! Denso no sentido e fluido na imagem percepcionada. Sente-se a poesia a andar pelos corredores da casa... :)
JG,
Obrigada, JG. Gosto do teu olhar... :)
E será sempre o vento o único elemento de mudança, aquilo que mexe, o que se mantém vivo. A casa cristalizou e a lua envelhece esvaziada da fantasia. Metáfora plena de objectividade, A. e certeira na sua dinâmica psicanalítica!...
Beijo meu!
PS - Londres, 3-5 ago ou, se preferires, na semana a seguir... :)
Tanta coisa em tão poucas palavras! :)... Aprecio esta capacidade de criar uma imagem poética e cheia de significados que nos obrigam a um quase jogo de decifração.
Quase cinematográfico...
Gosto muito do que escreves, do teu estilo e da forma como casas as palavras com o sentimento.
:)
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