terça-feira, 24 de julho de 2012

O que não posso

Gerd Benninger, Yuanyang, 2011

Pudesse a alma ser de novo construída para evitar o que o coração sente. Pudesse a alma mudar como muda o corpo tão rapidamente. Pudesse eu ser uma pessoa diferente e sentir as coisas de outra maneira ou mesmo deixar de as sentir completamente. Pudesse eu ser apenas eu e não trazer debaixo da pele quem está ausente. Pudesse eu despir-me dessa verdade que o tempo me confirma porque a alma não tem idade nem as horas que passam desfazem a sua verdade íntima. Pudesse eu deixar de ser o que me é tão essencial e arrumar o desassossego que, apenas em mim, resiste como pele da minha pele. Pudesse eu viver pela metade e, não sendo inteira, resistir sem dor ao coração vazio e à alma perdida. Pudesse eu ser ser um corpo ausente de sentimento como princípio de vida.

8 comentários:

Cat. disse...

Viver sem amor seria menos complicado e sem chatices, mas também infinitamente pobre e muito aborrecido e o aborrecimento desgasta e as chatices instalam-se na mesma. Prefiro mil vezes as chatices do Amor e o coração cheio! :)
Belo texto, Always!

Bjs

Always disse...

Cat.

Concordo em absoluto! :)

Beijos

Su disse...

Bolas! Isto é tão bonito que fico completamente arrepiada (no bom sentido) ao ler!... :)

Always disse...

Obrigada Su! :)

Margot disse...

Adorei este texto, foi escrito com o coração, é lindíssimo!

:)

Always disse...

Obrigado, Margot... :))

Alexa disse...

Adorei este texto, muito bom, parabéns! :)

Always disse...

Obrigada, Alexa, pelas tuas simpáticas palavras! :)