William Rivelli, The Wall
Não se pode ir ao encontro do nada, só existimos realmente no que sentimos, no que nos está por debaixo da pele e não se vê mas que nos define a essência. Não se pode encontrar quem não sente como nós na justa proporção. No nada nada cresce, no nada tudo morre. No que não se sente por inteiro a alma definha aos poucos até secar completamente e assim, toda a vida que pudesse ser será demasiado tarde. No nada morre-se depressa mesmo que continuemos a respirar à vista de toda a gente. Crescer para além da cegueira dos muros é ser adulto e humano também. Não será preciso uma escada, mas apenas compreender que ninguém é perfeito nem feito à nossa imagem e semelhança, porque nós não somos deuses nem podemos esperar dos outros aquilo que não somos.
9 comentários:
Texto que evidencia maturidade no sentir e na reflexão do mundo, A. Tens uma perspectiva adulta das coisas e muito consciente. :)
Beijo...
Ana,
Tenho idade suficiente para entender o mundo e poder de encaixe bastante para aceitar que a vida é uma roleta russa, pouco ou nada controlamos. E também sei que não somos mais felizes quando temos tudo controlado. A única coisa verdadeiramente importante é o que sentimos com alma e nos faz sentir vivos.
Beijo!
Sim, concordo, mas essa consistência do pensar é rara, poucas pessoas encontramos pelo caminho capazes de articular esse estar e ser, razão pela qual é tão estimulante falar contigo... enfim, por essa e por outras razões (óbvias)! ;)
Beijo...
Ana M. disse...
Para rires um pouco: uma paciente minha dizia um dia destes: "Dra, não sou nada complicada, se toda a gente fosse como eu não havia problemas neste mundo." Aqui entre nós, que pobre consciência de quem se é, a senhora julga-se perfeita! É facto que quase todos pensamos que o inferno são os outros e lá se vão arranjando desculpas atrás de desculpas para nos justificarmos. Falhamos no básico: em olharmo-nos ao espelho, a cegueira é essa!...
Os psicólogos só podem agir numa pequena parte da essência humana, milagres não existem. :)
Beijo...
Olá, passei por aqui e vim espreitar-te:)
Espero que esteja tudo bem contigo:)
Beijos
Wind,
Que surpresa boa! Fico contente de voltar a encontrar-te por aqui. :) Espero que estejas bem!...
Eu ainda estou viva como 'vês'; o 'copo', esse, quebrou-se já faz algum tempo... vidro é vidro!
Beijos!
Ana M.
Essa noção estúpida e abusiva das pessoas que o 'inferno são os outros' desgasta-me, assim como acho de uma petulância inaceitável querer que os outros feitos à nossa medida, imagem e semelhança. Egoísmo, autocentração, infantilidade, e outras palavras menos bonitas, ocorrem para qualificar tal atitude.
Enfim, vocês psicólogos têm aqui pano para mangas!...
Ah, e obrigada pelo piropo :), lol... gosto de saber que, para além da 'conversa estimulante' que proporciono, existem outras razões igualmente estimulantes... senão seria muito aborrecido!! ;)
Beijo!
"...compreender que ninguém é perfeito nem feito à nossa imagem e semelhança..." - E ainda bem, acrescento eu, porque são as diferenças que nos tormam mais ricos, e é fundamental compreender isso também!
Bjos
Estou completamente de acordo contigo, Alexa! :)
O grave problema das pessoas é entrar numa espiral de competição, num medir de forças injustificado, em vez de integrar e aprender as diferenças, ou seja, em vez de assimilar isso como um aspecto favorável na construção do 'nós'. Numa relação, as pessoas não se fundem numa só, continuam entidades separadas e é essa individualidade que temos de preservar, porque isso é respeitar o outro e amá-lo naquilo em que ele se distingue de nós. Amar é essa capacidade de olhar e aceitar para além do somos, para além de nós.
Beijos
Enviar um comentário