quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Jardim de inverno

Anabark, Quase flor (AGO2012)

Recordo flores que eram ideias cheias de cor e ideias que nunca se tornaram flores. Recordo flores que segurei na alma à procura de casa e que ficaram à porta rejeitadas como ervas daninhas. Recordo a noite que me chegou no instante em que, sem terra nem semente, me atiraram ao chão. Recordo flores que apanhei pelo caminho e levei para casa com a pressa de quem tem um beijo urgente para dar. Recordo a urgência que não encontrei nos lábios que tanto eu queria beijar. Recordo sinais e prenúncios de fim e tudo o que me desacreditava preferi ignorar. Recordo um jardim inteiro que definhou à falta de água por preguiça de regar. Recordo Amor, que acreditei de pedra e foi de vidro, julgado e condenado. Recordo a primavera e toda a luz do infinito em mim sacrificada ao passado.

6 comentários:

Maria Lacerda disse...

No melhor e mais cuidado jardim crescem sempre ervas daninhas. Ajardinar é uma arte, é preciso gostar muito... :-)

wind disse...

Continuas sem editar um livro?:)))
Beijos

Always disse...

Ehehehe... Passados 6 anos até tenho vergonha de dizer que não tentei sequer. Mas não desisti da ideia, Wind. Talvez seja agora o momento de investir a sério nela. :))

Beijos!

Cat. disse...

Always, há uma poesia que só almas especiais entendem. Este texto deixa-me sem fõlego, o que está nas entrelinhas é comovedor, toca-me profundamente, parabéns! És, de facto, uma pessoa muito especial. :)

Bjos

Always disse...

Cat.,

Obrigada pela simpatia e pelas tuas palavras! :))

Beijos!

Always disse...

Maria Lacerda,

É bem verdade! É fundamental AMAR e não apenas 'gostar muito'... :)