domingo, 13 de maio de 2007

Nevoeiro

Werner Eickenscheidt, Misty distance, 2005

Dói-me a cabeça por tentar ver mais longe do que os meus olhos alcançam. Porque quero ver através do nevoeiro, dar forma precisa às manchas na paisagem para além do contorno disforme em que fixo o olhar. Ver mais além é acreditar que existe algo na distância, algo concreto para além da imaginação. Dói-me a vista pelo que me esforço em alcançar esse longe indefinido onde, provavelmente, nunca irei chegar. Enquanto a noite não me abraça, fecho os olhos para que descansem sem pensar e, assim, me aninho num longe que é para dentro, num nevoeiro que começa e acaba em mim. Na paisagem interior dói-me a distância de mim própria.

5 comentários:

wind disse...

Bela prosa, mas algo se passa que não está bem.
E é dentro de ti.
Seja o que for, espero que resolvas a situação.
Beijos

Angell disse...

Penso o mesmo que a Wind. Apesar de ser belo (como sempre), o que escreves; algo parece diferente.

Espero que tudo passe. Que estejas bem. :)

Bjs!

whitesatin disse...

Um abraço, com a intensidade da brisa do mar.

Always disse...

Estou bem, obrigada pelo vosso cuidado e sensibilidade. :)

Há dias que custam mais a passar do que outros, toda a gente os tem. A solução é relativizá-los e, como diz a whitesatin, sentir 'a intensidade da brisa do mar', imensa e intemporal... :)

Abraço

Always disse...

SK,

Ainda que não esteja a aqui nenhum comentário teu, um abraço para ti e obrigada. :)