quarta-feira, 30 de maio de 2007

À porta do nº 8

Anabark, Nº 8 (MAI07)

Há uns dias atrás fui à tua procura noutro tempo que não este onde existimos. Fui procurar-te na infância e deixei-me ficar num abraço imaginário ao que não te conheci. Apeteceu-me adormecer à tua porta de criança, à espera de te ver debruçares-me na janela um sorriso cheio dos dias felizes da infância. Apeteceu-me ficar ali imóvel, de respiração suspensa à espera de ver-te sair a correr para chegares mais depressa a lugares cheios de vagar, que te deixavam ser tu livremente. Enquanto te procurava rua abaixo, fui coleccionando pedaços de ti que ficaram por onde passaste, ainda vivos na tua memória. Aprender-te é também querer conhecer-te nesse ontem e, nesse ontem, senti-te feliz. Procurei-me um abraço feito de ti, precisava de um abraço e esperei-te. Encontrei-te no coração exactamente como no dia em que me apaixonei por ti. E mesmo não te conhecendo dessa infância, tenho a absoluta certeza que já nos cruzámos na vertigem do tempo. Conheço-te de um passado que apenas imagino ou, quem sabe, de outra vida, ou não faria sentido eu sentir-te tão completamente no passado, presente e futuro. Leva-me a esses lugares sem pressa onde passas horas a brincar e nunca me deixes, triste, fora da brincadeira. Tenho saudades de tudo em ti, mesmo do tempo que te viu crescer feliz. Durmo secretamente à tua porta, em pensamento posso tudo. Quando passares, vou soprar-te o meu nome ao ouvido e dizer-te: 'Meu Amor, deixa-me estar para sempre na tua vida'.

8 comentários:

Special K disse...

Lindo este teu post,trouxe-me algumas lembranças de infância e de uma porta não muito diferente desta.

wind disse...

Que ternura de prosa:)))

Está lindo:)
Beijos

Blue disse...

"tenho a absoluta certeza que já nos cruzamos na vertigem do tempo"... tem piada que ultimamente tenho andado a pensar muito nisto... de facto é estranho como alguém que de repente conhecemos (reconhecemos?) passa a fazer parte da nossa vida de forma tão intrínseca... como se lá estivesse estado sempre, como se as suas memórias já existissem em nós... talvez, sim, começo a acreditar em vidas passadas! :)

Beijo grande amiga... vejo que as coisas continuam no bom caminho... e fico muito contente por ti!

Always disse...

Special K,

Espero ter-te feito recordar coisas felizes! :)

Bjos

Always disse...

Wind,

Obrigada também pela ternura com que me leste. :)

Beijos

Always disse...

Blue,

Amiga, saber-te assim quer dizer que tudo vai pelo melhor também contigo. Fico muito feliz por ti.

E já agora, se não existem vidas passadas, não tenho melhor explicação para este infinito que não tem medida de tempo. O Amor tem de ser isso, um infinito que transcende, passado, presente e futuro. Amo assim desta forma, nesta vida e em todas as que me forem concedidas.

Um beijo grande

Angell disse...

Acredito que nada acontece por acaso. Não nos aproxima-mos de ninguém, sem uma qualquer razão. Existe algo, que neste caso aproximou os vossos corações.

Lindo, como sempre! :)

Bjs!

Always disse...

Angell,

É verdade que nada acontece por acaso. E sei que o Amor que me aconteceu tem milhares de razões para ter acontecido.

Beijos