segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ao relento

Douglas Allchin, Branches totally encased, 2007

Hoje senti frio a caminhar pelo dia soalheiro que nos amanheceu. Senti o frio de não te encontrar nos meus olhos durante o intervalo que deixámos por fazer. E o dia foi passando por mim a reclamar por atenção, indiferente ao frio instalado debaixo da pele que só aquece ao pé de ti. Agora que as horas mudaram e é quase noite sem o ser aqueço as mãos uma na outra, para que o sangue me regresse nesta pressa que tenho de chegar-te a casa. E tu, que corres mais depressa contra o tempo que não te sobra e estarás à minha espera, poderás reparar no arrepio dos dias sem ti, que disfarço no calor destes braços urgentes para te aconchegar. O meu abraço queima da impaciência que o dia me acrescentou. Se as palavras falham tantas vezes a eloquência de te fazer saber o que sinto, os braços que te abraçam têm a força de ontem e a confirmação de amanhã. Hoje celebro a certeza de que é em ti que quero morar em todas as estações do ano.

4 comentários:

The White Scratcher disse...

Fica descansada que as estações já não existem. Feita a escolha, fica com renovação automatica, ahahaah.

Continuar a sentir aquilo que se sente todos os dias e que nunca chega.

RM disse...

Viajei e senti-me à espera de correr e entrar em casa, sentir o calor humano que antigamente pairava dentro daquelas paredes... Hoje, hoje também o sinto, mas de uma forma diferente. Por isso foi muito bom ler as tuas palavras. Faz-nos sentir vivos e querer correr para casa! Obrigada

Always disse...

The White scratcher,

Talvez por sentir demais, quando 'demais' quer dizer completamente, nada é suficiente!

Always disse...

RM,

Se as minhas palavras são um pedaço da chama que te devolve a casa numa espécie de pressa incontornável, então sorrio e penso 'Que mais não fosse já valeu a pena!'

Um abraço