segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Contrastar

Patrick Smith, Under the Berkeley Pier, 2009
Em tudo em nós há sempre uma perspectiva diferente que varia em função do ângulo de abordagem. Umas vezes cheia de tudo, outras errante no nada. Numa e noutra situação, importa dar passos, grandes e pequenos, em busca do que não está ao alcance da vista, mas que sabemos algures no horizonte que nos contempla, numa distância que aumenta ou diminue conforme a nossa forma de olhar. A paisagem e os obstáculos são construções nossas, prolongamentos de nós, do que nos sobra por dentro e não sabemos arrumar. Nem sempre estamos em ordem porque nem sempre temos noção da nossa própria escala. Nem sempre somos nós mesmos, por inteiro, no que temos de melhor. Nem sempre sabemos dar. Generosidade é dar e receber também. Por vezes, falta-nos a calma para fazer entender a nossa disponibilidade. As horas assimétricas que nos desencontram são apenas circunstâncias e não factos. O Amor constrói-nos num espaço e tempo únicos, onde as imperfeições são poeira numa paisagem que nós pintamos de horizonte mais alargado. De resto, os constrastes de luz são o elemento fundamental na definição do quadro. O Amor é luz que aprendemos a misturar.

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