segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Horizonte

Michel Corboz, La zone Orange, 2009

Os anos passam e o poeta escreveu que para além dos tempos, mudam os ventos e também as vontades; muda-se o Ser e a confiança. Ainda que seja tudo isso verdade, a essência do que somos permanece, e o que somos essencialmente define tudo o resto, para o bem e para o mal. O Amor não muda. O Amor é o amor, a essência do princípio, meio e fim. O Amor é a origem do Ser, o príncipio que nos começa e que não se acaba porque é, por definição, inesgotável. Quando, em nós, descobrimos a capacidade de amar, a vida é sempre um infinito princípio. Não sei explicar essa qualidade humana, mas sei o que sinto e no que sinto os anos não passam, os tempos não mudam nem se modificam as vontades. O Ser muda e com ele a confiança, mas não a essência nem o princípio de vida. E ser adulto é aceitar que não há bem que sempre dure nem mal que não se acabe e amar sempre por igual. O Amor cresce-nos na interiorização da verdade nua do que somos. Não somos perfeitos, nunca seremos perfeitos. Quero que me ames sempre pelo que me sabes, despida de artíficios, despojada e nua. Quero que saibas com absoluta certeza que te amo pelo que és essencialmente e não pelo que julgas ser. Porque, às vezes, dou-me conta que não te conheces tão bem como eu te conheço. E é nesse espaço ou margem que te sobra, em que não te encontras facilmente, que eu semeio e colho os frutos da minha vontade imutável de te amar completamente.

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