domingo, 31 de julho de 2011

Conta-rotações

John Hamers, 2011


E o tempo ultrapassa-me e de nada adianta correr contra ele. Mais forte do que o vento forte, o tempo ultrapassa tudo, sonho e realidade. De tudo quanto fui, quardo o que posso num baú imaginário, como quem segura o que sente por dentro como alma. O que sou, construo todos os dias como quem quer muito aprender a melhorar. Do que serei amanhã e nos dias por vir só posso trabalhar a ideia do que gostaria que fosse, como quem sonha uma bola colorida onde cabem todos os sonhos do mundo e o mundo também. Mas o tempo corre mais depressa do que a vontade e do que sonho. O tempo corre mais depressa do que a vida. E eu, como toda a gente, sou apenas um esboço de inúmeras possibilidades. Sou sonho e coisas concretas, memórias e ideias, passado, presente e futuro. E sou também o tempo que me ultrapassa quando me deixo ficar imóvel nas horas a que nada acrescento para além do meu petulante aborrecimento e falta de assunto. E sou também a vida que quer o tempo por inteiro, sem desperdício. E quero encontrar-me e acertar o passo, como quem acredita que não há tempo a perder. Tem de ser o que estiver para ser e tem de ser agora.

2 comentários:

Lábios de Caprichos disse...

Há muito que nao te lia assim, um entusiasmo que me fez querer muito mais.
Aprendi que há sempre Tempo para tudo, Tempo para ter tempo, Tempo para viver e saborear, Tempo para se perder Tempo.
Resta-nos agarrá-lo ontem, hoje e amanhã, tentando sempre o melhor, de Nós e para Nós. *

Always disse...

E há sempre um tempo que nos pertence por inteiro, aquele que nos inventamos por dentro, aquele em que crescemos por nós e nos tornamos melhores e sorrimos pela felicidade e entusiasmo que isso nos proporciona.

Um abraço!