sexta-feira, 8 de julho de 2011

Memórias dos vitrais

Anabark, Catedral, JUN2011

Não há muito tempo, havia uma catedral de luz em todas as ruas por onde eu passava. Não há muito, todas as casas dessas ruas eram altas e luminosas e nunca chovia nem se ouvia o vento frio que estremece os edifícios altos. Tudo era abrigado, acolhedor, não há muito tempo. O mundo não mudou de lugar, mas as ruas tornaram-se mais estreitas, sombrias e irregulares. As catedrais desapareceram, só ficaram casas devolutas, sem telhado e janelas abertas de par em par. Continuo a passar pelos mesmos sítios, passeando a memória das catedrais. De vez em quando, os pássaros que habitavam esses lugares descem até aos passeios e contam-me histórias, nem falsas nem verdadeiras, do tempo das catedrais. E eu fico a ouvir, distraída pela luz do céu que transportam nas asas. Quando anoitece, voo com eles para lá das nuvens, ao encontro de um tempo diferente que me devolve a ideia de infinito sem a fragilidade dos vitrais dos templos.

3 comentários:

água disse...

como eu gosto de a ler!!!

Always disse...

Obrigada! :))

whitesatin disse...

... :/

Bjs