Sabe-me a água salgada o dia que termino sem mar à vista e praia adiada. Sabe-me o dia a outra vida que não esqueci. Sabem-me as horas ao desassossego insatisfeito que noutro tempo vivi. Sabe-me a tudo e a nada e a uma vontade desencontrada. Sabe-me ao mundo que encontrei um dia e no dia seguinte perdi. Sabe-me ao sonho de um Amor inteiro e maior do que a vida. Sabe-me a quem não distingo, na alma, de mim. Sabe-me ao vazio e à melancolia das coisas pequeninas. Sabe-me ao que adormeço todos os dias e à distância que me arrefece. Sabe-me a folhas mortas e a florestas desertas. Sabe-me ao desejo e ao impossível. Sabe-me à intensidade que me sobra e que não sei pôr de lado nem tornar imperceptível. Na boca tenho o gosto de um querer de alma que não se cumpre nem adormece.
4 comentários:
Absolutamente brilhante! :)
Obrigada, Lia! :))
Quando a fantasia morre não há volta a dar, A. E o passado só nos é importante pela intimidade que se mantém ou se reconstrói no presente. Se nenhuma das coisas existe não vale a pena perder tempo com o vazio.
Tens toda a razão, Ana M. :)
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