domingo, 30 de setembro de 2012
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Quando os instantes da manhã se acumulam...
Regina Deluise, Three Chairs
Quando os instantes da manhã se acumulam nas
paredes da casa, eu rasgo as páginas onde te escrevo,
porque sei que tudo será desnecessário, tudo será
frágil, quando imagino o sol que não sei se poderei ver,
esqueço as paredes e,
com tanta força,
quero que sejas feliz.
quero que sejas feliz.
José Luís Peixoto
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Maioridade
Autor desconhecido
Longe da vista não é longe do coração quando nele guardamos intacto quem amamos. Hoje uma estrela brilha mais do que o sol. Tornaste-te 'grande' longe dos meus olhos, mas eu estarei sempre onde me procurares, porque te guardo no coração que te viu crescer e nele caberás a vida inteira. Que sejas infinitamente feliz, Parabéns!
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
O que não me dói
Corinne Mercadier, Une fois et pas plus
São, em mim, dor todas as palavras que já disse e que foram mal interpretadas, distorcidas ou esvaziadas de sentido. Dói-me tudo o que não quis dizer e que me ouviram de coração esquecido. Dói-me tudo o que não disse um segundo antes do orgulho ferido. Dói-me o quis dizer e que ficou no silêncio perdido. Dói-me a falta de sentido, o desperdício das horas e o caminho destruído. Dói-me o equívoco nunca esclarecido. Dói-me a dor de quem mal me entendeu quando eu própria me deixei de ouvir. Dói-me a falta de amor do erro, o abandono da alma no que gritei e o abraço que não recebi nem dei quando era preciso. Mas não me dói o que, no melhor e no pior de mim, nunca deixei de sentir. Amor.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Coisas a menos
Anabark, Pintura Incompleta (SET12)
Um céu à espera do azul que lhe falta. Um espelho imperfeito, de contornos distorcidos. Um copo de vidro de coração partido. Tempo perdido em verdades relativas. Um azul à espera do céu que lhe falta. Silêncio à solta e palavras cheias que sobram, proibidas, que não podem voltar a ser ditas ao ouvido, ensurdecido, de quem se escolheu como infinito. Toda a alma que o coração segura no que sente e não desmente. Tudo o que se adormece para não viver cansado, permanece. O sentido não se esquece mesmo sentindo só de um lado, apenas aprendeu a estar calado.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Andando
Anabark, Ramos de sol (SET2012)
Andando... no tempo ausente, o coração dormente. Passeando no beijo do vento, tão leve se torna o pensamento. Leve o que não se espera. Contudo impaciente o desejo, a vontade de ser tudo o que se sente. Andando pelas horas desencontradas entre as manhãs e as madrugadas. Levemente para não acordar quem dorme nos braços de um sonho leve que acredita como vida. O silêncio de quem não sente é a própria vida adormecida. Insidioso o vento que tudo leva e nada devolve. Coração que não ouve, coração que não resolve.
sábado, 15 de setembro de 2012
"Lá em baixo"
Emmanuel Correia
"...Toda a gente passou horas
em que andou desencontrado
como á espera do comboio
na paragem do autocarro..."
In "Lá Em Baixo", SÉRGIO GODINHO
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Na varanda
Anabark, Center (AGO12)
Esta manhã encontrei cores no jardim da varanda. A luz que me despertou pintou tudo á minha volta da cor do jardim. Quando saí para a rua as paredes mudaram de sítio e todas as divisões da casa desapareceram nesse centro de cores imprevistas. E em todas as ruas por onde andei a ocupar o dia não havia nem carros nem passeios nem gente triste a passar ao lado da sua própria vida. Tudo era luz cristalina por entre árvores nascidas e crescidas durante a noite anterior. Voltei a casa na mesma canção que, de manhã, me ficou no ouvido e encontrei palavras coloridas no vidro do carro que me sorriram e abraçaram o anoitecer.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
A chave
Jens Waldenmaier Waipapa, Point
O baú está fechado e a chave no fundo do mar. Alguém por mim a atirou para esse longe onde nada se volta a encontrar. E há uma promessa feita nesse instante definitivo, não procurar o que de mim se perdeu, o que não é meu não posso segurar. A chave está no fundo do mar. Alguém por mim se desfez dela nesse infinito onde se afundam tesouros que tempo enterra. E não falto á promessa que fiz e posso cumprir. O mesmo alguém me disse que o mar é grande e que a minha viagem não acaba aqui e não depende da chave. Prometi deitar fora o que me pesa e me prende em terra. Confiei a chave nessas mãos que me lembram o que ainda está por vir e que a chave do que passou o mar levou.
domingo, 9 de setembro de 2012
Sete vidas te desejo...
Anabark, Home (MAI2012)
...Mas que sejam mais de sete. E que durem para sempre na memória e no coração dos que importam. Para muitos bens é o desejo infinito de quem te quer bem.
sábado, 8 de setembro de 2012
Poetas e Amor
Anabark, Single (AGO2012)
"Poets are the only people to whom love is not only a crucial, but an indispensable experience, which entitles them to mistake it for a universal one."
Hannah Arendt
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Ideal
Daniel Hachmann
"The human soul has still greater need of the ideal than of the real. It is by the real that we exist; it is by the ideal that we live."
Victor Hugo
terça-feira, 4 de setembro de 2012
As cidades de Dickens
Mark Westerby
"It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of Light, it was the season of Darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair..."
Charles Dickens, A Tale of Two Cities (1859)
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Patamar
Timmy Gambin
Encontrei uma vontade e junto tudo o que não foi para deitar fora e partir. Ao cimo desta escada, haverá uma outra escada para subir. As paredes deixaram de fazer sentido no sítio onde estão, o corredor, cada vez mais estreito e comprido, não tem qualquer utilidade. Encontrei uma vontade, refaço a casa inteira, subo a escada que me leva a outra forma de ocupar o espaço e o tempo. Tudo o que não preciso fica nos andares de baixo, na parte velha da casa, feita de paredes e corredores esguios e imcompreensíveis. Encontrei uma vontade e um quarto amplo, sem mobília, no andar de cima. Lá em baixo não chega o sol e tudo vai desaparecendo na falta de claridade. Desfaço-me do que não tenho, na sombra encontrei-me essa vontade.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
No cimo da escada
Anabark, Saída Luminosa (AGO2012)
Antes havia uma pressa de chegar, uma pressa de voltar, uma vontade de não sair. Antes havia uma urgência, um estado de ansiedade constante fora do abraço, um desassossego partilhado. Antes havia uma ideia crescente, um plano, um encontro de vontades numa escada sempre a subir. Havia luz ao fim do dia e estrelas à noite sobre a cama até o sol colorir a manhã. E havia o desejo sem fim de um corpo de perfume único e cores plenas transpiradas a toda a hora. E havia tempo contado que se vivia infinito, sem desperdício e sem descanso. E havia ausência que era saudade e havia saudade que era dor e havia dor que era Amor. E o pensamento voava sempre para o mesmo lugar e havia uma velocidade escaldante em cada regresso a casa. E havia palavras penduradas nos dedos como abraços à espera de se encontrarem. Antes, quando tudo era 'sempre' no fim das frases.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Fronteira
Anabark, No Ar (AGO2012)
Menos seria nada e o Nada já vem sendo, tomou forma e reproduz-se como as horas que passam na sucessão infinita dos dias. O relógio não parou, o tempo desencontrou-se mas não parou. Uma linha, que divide e não se vê, foi traçada e, de um lado e do outro nada acontece da mesma maneira. De um lado é passado e tudo se apaga, sentimentos, memórias, bem querer. Do outro, o sonho e um querer infinito que não morre. O Amor que, outrora, era tambor a marcar o ritmo da vida abrigou-se do lado que sonha e acredita o infinito. E tem vergonha de ser orfão, já não fala nem se deixa ver, vive no silêncio escondido. O relógio não parou, mas o Tempo não existe, só o princípio e o fim. E entre um extremo e o outro aconteceu o Tudo, mas dele só sobram palavras. Menos seria nada... como se nada tivesse acontecido.
domingo, 19 de agosto de 2012
Prémio dos Dardos #3
Obrigado Viajante pela distinção, que muito me honra, atribuída a este blog com um prémio que tem como objectivo "...distinguir blogues que contribuem de forma significativa para o enriquecimento da cultura virtual, através da veiculação de valores culturais, éticos, literários, pessoais… premiando os blogueiros que demonstram a sua criatividade através do pensamento vivo e através das formas de comunicação que utilizam para o expressar...."
Prémio dos Dardos atibuido por:
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Querer para poder
Anabark, Before the rain (AGO2012)
Como se o tempo que está por vir fosse mais importante do que tudo o que já conheço, procurei desenhar momentos à escala do possível, brincar com ideias de coisas por fazer e ter fé no amanhã que sonhei nas entrelinhas do desejo. E enquanto assim me tinha ocupada, uma certeza tomou forma concreta e definida: é preciso querer para poder e só podemos aquilo que decidimos querer. E querer é acreditar muito e nunca desistir nem ceder a caminhos fáceis. O difícil desanima e desencoraja mas, no fim, será certamente o mais feliz e recompensador. E é preciso ousar para lá chegar e sofrer para reconhecer a diferença. Desistir é deitar fora a oportunidade de saber aceitar e vencer o desafio que a vida nos propõe nesta breve passagem por aqui.
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Percepção
Anabark, Perceptions (AGO2012)
"The truth is a battle of perceptions, people only see what they are willing to confront. It's not what you look at that matters but what you see, and when different perceptions battle against one another the truth has a way of getting lost and the monsters find a way of getting out."
In «Revenge» (ABC series, 2011)
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Jardim de inverno
Anabark, Quase flor (AGO2012)
Recordo flores que eram ideias cheias de cor e ideias que nunca se tornaram flores. Recordo flores que segurei na alma à procura de casa e que ficaram à porta rejeitadas como ervas daninhas. Recordo a noite que me chegou no instante em que, sem terra nem semente, me atiraram ao chão. Recordo flores que apanhei pelo caminho e levei para casa com a pressa de quem tem um beijo urgente para dar. Recordo a urgência que não encontrei nos lábios que tanto eu queria beijar. Recordo sinais e prenúncios de fim e tudo o que me desacreditava preferi ignorar. Recordo um jardim inteiro que definhou à falta de água por preguiça de regar. Recordo Amor, que acreditei de pedra e foi de vidro, julgado e condenado. Recordo a primavera e toda a luz do infinito em mim sacrificada ao passado.
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