quarta-feira, 14 de maio de 2014

Era só...

Alessandro Puccinelli, Varie, 2010

Era só um mar inteiro que não tinha volta por nunca se acabar. Era só um partir por não saber ficar. Era só um longe que se navegou por se deixar de gostar. Era só um mar que trocou as ondas pela areia de tanto se cansar.

sábado, 12 de abril de 2014

Diário da folha seca

Anabark, Durante o Inverno [DEZ2013]

Descansava, no fim da tarde, de pé, ao contrário do resto do mundo. E era levada pelo vento antes de anoitecer.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Por ridículo que seja

El Karamelo, Empty 2

Assim, num imprevisto, vem-me à cabeça a frase de um poema que exclama 'Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo...'* e penduro no armário a perfeição do mundo como roupa de estação que nunca virá a ser. Toda a gente veste a angústia das coisas ridículas mas poucos a assumem. Visto os dias de ideais que não calo por muito absurdos que pareçam ditos em voz alta. Sei que sou apenas o sonho de ser um pouco mais além. E, no absurdo em que tantas vezes me encontro, desencontro-me de todos quantos se acreditam acima do ridículo que são.

* Álvaro de Campos in 'Poema em Linha Recta'

quarta-feira, 5 de março de 2014

Da primeira à última

Anabark, Sombra (OUT 2013)

O corpo de ontem na sombra de hoje e a alma de sempre. A memória que, na pele, não se esquece. A pele que se toca de memória no que resta de coração.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Amor de mar

Mirela Momanu, They Are Watching

Foi, tão depressa como veio. Foi onda de maré viva, tocou a praia e fugiu com o mar. À noite procura-se na areia por onde passou. E escreve cada passo com a força do mar. De manhã acorda no mesmo sítio, apenas as nuvens mudaram de céu. Uns dias chove, outros dias o sol vem dançar com as horas da maré vaza.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Vinho entornado

Street art in Syria - Tammam Azzam: 'The Kiss' (Gustav Klimt)

E nesse dia bebeu-se coragem de um copo de vinho. E a terra na Terra tremeu. A culpa foi do vinho e da vontade corajosa de quem quer beber a vida num só dia.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Face to face

Ellen Jantzen, Transplanting Reality; Transforming Nature

"...Another life 
another time
We're Siamese twins writhing intertwined 
Face to face
no telling lies 
The masks they slide to reveal a new disguise..."

in 'Face To Face' by Siouxsie And The Banshees 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Na memória de céu

Anabark, Sol de inverno (OUT2013)

Não sei se, nesse dia, fazia sol ou se chovia, gostava de me lembrar...

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Em 2014...

Rune Guneriussenan, Upward displacement

365 oportunidades para viver o ano. Que as próximas sejam bem aproveitadas, que haja sempre luz em cada dia! Bom Ano Novo.

sábado, 21 de dezembro de 2013

No Natal e sempre...

Anabark, Despida, (DEZ 2013)

Que não falte ao corpo o calor de um abraço nem luz no coração a iluminar a alma...
...FELIZ NATAL

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

História mal contada

Bertil Hansson, Red Night, 2009

Tudo e tanto eram a mesma coisa, a mesma pessoa, um sentimento que não cabia no tempo, bastava um abraço para o abrigar sem princípio nem fim. Tanto e tudo sem intervalos, apenas a eterna urgência de, para além da pele, beijar com fogo a alma e adormecer depois num corpo só. Em toda a parte, os mesmos lábios desenhados por esse tanto que nem nos sonhos cabia. Porque tudo era sempre a toda a hora num encontro feliz. De tanto e tudo se fez nada. Apenas uma história mal contada.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Semear

Kat Pi, Love drops

Deixo a tinta cair em gotas pelo chão. Deixo a cor espalhar-se como raiz na terra. As paredes de pedra não se movem, a pedra cinzenta e fria não tem vida, não precisam de cor. Mas o chão é de terra e da terra nasce sempre verde a esperança de um novo caminho. Rego a chão com gotas de todas as corres e espero que nasçam as flores que desenhei quando comprei a tinta.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Entre a vida e a morte

João Castilho, Redemunho series

Parece-me fácil perdoar. Perdoamos por amor, e só nos magoam as pessoas que amamos realmente. E porque amamos é difícil não perdoar. Difícil é odiar, por muita mágoa que esteja desarrumada, quem nos foi vida numa espécie de infinito. Porque amamos encontramos em nós, apesar de tudo, margens de tolerância que, em tempos de guerra, nos faltaram. E perdoamos. O ódio é coisa ruim que consome a alma como a carne até que, um dia nada nos fica da pessoa que fomos nem ninguém resta à nossa volta. Porque odiamos e odiar é a mais fria das solidões. E morremos. Porque viver sem amor é impossível.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O que dói verdadeiramente...

Darren Nisbett, Broken Doll

"O que dói não são as roturas, o afastamento, a incapacidade a minar como um cancro oculto e certeiro. O que dói não é a pouca solidez com que se disse esta ou aquela palavra, esta ou aquela frase, com que se insistiu, apesar de receios vários, na grotesca encenação do que se previa muito aquém de qualquer futuro. O que dói não é a viscosidade das emoções a grafar-se em algum mapa antecipadamente condenado, nem tão-pouco a insistência de uma insolúvel lembrança a fugir.

O que dói verdadeiramente é acordarmos um dia e descobrirmos que nada disso teve importância alguma."

Victor Oliveira Mateus, in "Gente Dois Reinos"

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A propósito de silêncios

Anabark, Lágrimas que não se acabam (SET13)

Medo tenho da infinidade do silêncio, apenas disso e não da morte. Não me doem as palavras mas a falta de coração na voz. O silêncio que me aflige é o de quem não sente nada nem tem coisas para dizer. Porque não existe pior morte do que morrer-nos o coração em vida, porque nos condena a uma solidão interior irreparável. Porque a voz sem coração mata para sempre a felicidade. Alma que não sente morre lentamente de sede, seca e deserta. Ser feliz é ter muito para dizer, ouvir, ensinar e aprender. Porque a felicidade acontece no sobressalto do sentir, no reboliço da alma que quer crescer, no contrário do silêncio. Tenho tantas coisas para dizer que me irrito facilmente com a falta de oportunidade! Porque tenho medo de morrer de silêncio, esquecida de voz na sua infinidade.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Flatline

Anabark, Flatlines, (2013)

   DNR

sábado, 14 de setembro de 2013

Rigidez

Anabark, Insegurança (SET 2013)

E a vida é tão curta para fechar portas a quem foi a nossa vida!... Tudo quanto temos é emprestado, nada é realmente nosso, a não ser o que sentimos na alma. E a vida é tão curta para viver de alma fechada! Nada é mais valioso do que quem por nós passa e nos toca a alma, essa porta não fecha nem tem chave.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Cada um que passa...

Ion Zupcu, 2005

"...Cada pessoa que passa na nossa vida, passa sozinha, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui outra. Cada pessoa que passa na nossa vida, passa sozinha, mas não vai só nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesma. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada. Essa é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova de que duas almas não se encontram ao acaso."

Antoine de Saint-Exupéry in "O Princípezinho"

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Hoje é dia de festa

Anabark, Lobo Mau (SET 2013)

Foram apenas quatro os beijos de parabéns que tive tempo de te dar. Das quatro vezes que te beijei este dia te desejei o mesmo: que a vida te seja um passeio feliz. Hoje que não te beijo o desejo não me morreu: vive muito anos e sorri todos dias.

Ass. O lobo mau

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Ponto de situação

Anabark, Ideias Fixas (AGO 2013)

Gostava mesmo muito de estar enganada como tu achas sempre que estou. Gostava de não ter razão nenhuma e de ser surpreendida por melhor razão!...