terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Antes do fim do ano

Frank Gaverot, Christmas tree worms, 2006

Amanhã será o dia seguinte do primeiro Natal da nossa vida. Partimos do Natal para um novo ano. A mala está feita, partimos cedo e apressadas, com a urgência de quem se desembrulha num dar e receber inadiável. Quando voltarmos ainda será natal, porque somos uma todos os dias, porque o meu Natal és tu. Partimos para onde nos esperamos tal como planeámos. Partimos para o resto da nossa vida. Voltaremos antes do fim do ano para estrearmos o nosso primeiro dia do futuro...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Feliz Natal

Cliff Wright, Bear ly ready, 2005

A todos quantos por aqui se demoram por uma razão ou outra, ou mesmo sem razão, desejo um Feliz Natal e um copo cheio de coisas que preencham alma e coração.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Guardar como...

Gandc, Christmas Tree, 2006

Guarda-me numa ideia, algo simples de que te lembres sempre mesmo depois de te esqueceres de tudo o que digo. Guarda-me num pensamento em que possas descansar a alma em sobressalto nos dias que acontecem desalmados. Guarda-me os olhos sinceros com te digo a palavra que, só e apenas tu, me ouviste dizer e me fizeste sentir. Guarda-me no sonho que persigo noite e dia, ainda que falhe em deixar-te entender a intensidade do meu compromisso. Guarda-me nesta vontade de sermos por inteiro não hoje nem amanhã, mas ontem, porque foi ontem que tudo começou e é desde ontem que nos sinto 'uma' para sempre e mais um dia. Guarda-me nesta certeza quando nada do que digo e faço te pareça fazer sentido. Guarda-me neste tudo, que de tanto é infinito, em que te sinto em mim e do qual não sei desistir, porque desistir de ti é desistir de mim também. Guarda-me numa sensação tão simples quanto a intensidade com que durmo e desperto embrulhada em ti e compreenderás que as horas de dúvida são um enorme desperdício de tempo. Guarda-me numa palavra, pequena mas infinita, que encontras em tudo o que sou e planeio contigo: 'sempre', porque és a minha vida e sem ti não faço o mínimo sentido.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Quase perfeito

Iing Gunawan, Christmas tree

Houvesse neve e o Natal seria quase perfeito se a perfeição existisse. Mas enquanto a neve não cai e o nosso natal não chega, aconchego-te os dias que faltam num abraço sem princípio nem fim, para além do tempo, do espaço e da imaginação. Seguro-te as mãos nas minhas para que não as sintas frias nas horas que passam vazias da voz e do olhar. Embrulho-te de beijos que só tu me conheces, porque os meus beijos só são beijos quando tocam os teus lábios. E enquanto o tempo passa lentamente para chegar ao 'quase', distraio a nossa impaciência com histórias feitas de nós. Temos tanto para contar, coisas que foram e outras que hão-de ser. E nesta espera tão poética quanto a neve silenciosa que veste a paisagem de branco, adormecemos uma na outra a sentir o tudo e o sempre que o Amor nos ensinou e que aprendemos ao mesmo tempo. Não sei amar-te menos do que este total estado de urgência, não sei descansar a alma de ti, não sei adormecer sem te procurar em sonhos nem acordar sem dizer o teu nome antes mesmo de me lembrar de mim. E quando penso em neve penso em ti. Serás sempre essa poesia do Inverno em que te conheci, gravada a fogo debaixo da minha pele.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mil e uma noites

Anabark, Paris - 3 W Kafé (SET07)

Faltam poucos dias para os nossos dias grandes que amanhecem e anoitecem sem que nos incomode a luz, ou a falta dela, q nos entra pela janela, porque a nossa luz vem de um sol que temos dentro e que irradiamos no olhar. Falta pouco para deixarmos de ter tempo para tudo o que fica do lado de fora de nós. Falta pouco para vivermos muito em pouco tempo, porque o nosso tempo é sempre pouco, porque os nossos dias grandes, sem dia nem noite, passam na vertigem de um segundo. Porque tudo é pouco para este tanto em que te vivo, porque o Amor é sempre mais e a falta que me fazes também. Porque as saudades não se resolvem, adiam-se apenas. Falta só um bocadinho para estarmos dia e noite por nossa conta e risco onde só nós sabemos e o resto do mundo nos julgue em parte incerta. Falta mesmo muito pouco para vivermos mil e uma noites e outros mil e um dias num abraço sem horas, a não ser as da chegada e, inevitavelmente, as da partida. Falta pouco, meu amor, e desespero neste pouco que nos falta para a nossa prenda de Natal...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Somos sempre

Yiannis Logiotatidis, 2006

Entre o aqui e o agora beijo-te tantas vezes que lhes perco a conta de propósito para voltar a começar do princípio, porque enquanto te beijo perco o céu e a terra e o mundo que nos espreita e, ao mesmo tempo, nos cobiça. Só existes tu, sempre foste tu mesmo antes de nos encontrarmos. No Amor em que te adormeço e amanheço no dia seguinte encontrarás a mesma promessa dia após dia - sempre. Não prometo o que não sei cumprir, só aquilo que sei que sou capaz. E contigo sei-me para sempre, sei que irei cumprir aquilo que te prometo, que te digo ao ouvido e que a toda a hora te escrevo. Porque já morri quando perdi o sempre de vista e só sobrevivi porque o coração nunca deixou de acreditar. Neste sempre que nos prometo crescemos cada vez mais no passar dos dias. A certeza de que não temos fim abraça-nos com a mesma voracidade de um fogo incontrolável numa floresta infinita.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Entre Roma e Pavia

Cliff Wright, Xmas ribbon, 2005

Embrulha-me a felicidade em que arrumei o dia como um presente de natal que nos fique para o resto da nossa vida. Nem Roma nem Pavia se fizeram num dia e nós, que somos sempre mais a cada hora que passa, queremos mais do que a História, queremos o sempre e não o passar do tempo, mais do que a memória queremos a eternidade. O sonho constrói-se como um caminho a percorrer onde nos temos como destino e simultaneamente, ponto de partida e forma de lá chegar. Caminhamos juntas porque somos uma no princípio, no meio e sem fim, caminhamos seguras, unas, indivisíveis. Amanhã conquistaremos mais um bocadinho e depois de amanhã o dobro desse bocadinho e todos os bocadinhos juntos fazem o universo inteiro onde Roma e Pavia são um acto de fé confirmado. Hoje o meu Natal aconteceu - ainda não é tudo, mas é muito e nesse muito moramos nós sem tempo nem distância, embrulhadas na certeza de que nos queremos mais do que infinitamente.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Discurso indirecto


Cliff Wright, Every good mug loves tea, 2005

Quando te encostas a mim não sentes o que milhares de palavras falham em dizer? E os meus olhos não te dizem mais do que consegues ouvir? Hoje, ou porque as palavras me desertaram ou porque me perderam de vista, sinto tantas coisas para te dizer e uma tremenda falta de jeito a arrumar a escrita. E sinto o frio que está lá fora por um buraco no tecto que me mantém acordada há horas senão dias. Hoje conto as horas em abraços por dar e receber e espero que amanheça depressa, porque me cansam as noites sem dormir e porque é a luz do dia que me leva de volta a ti. Os sonhos são apenas sonhos e tudo o que acontece em pensamento fica apenas pela intenção. Tudo o resto é a vida e o que soubermos acontecer de olhos nos olhos, corpo a corpo, com a alma na mão. Quando te encostas a mim ouves, certamente, o que te diz o meu coração: 'sempre'.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Milagre

Lisboa-Dakar - entregas ao domicílio

Um dia, o que é preciso vai estar sobre a mesa de cabeceira e eu vou estender o braço e segurar um pequeno milagre entre os dedos. E sorrirás como eu te sorrio neste instante, com vontade de te viajar de alto a baixo para ter a certeza que estás bem por dentro e por fora. Porque sou egoísta, porque não te posso perder porque perder-te é perder-me a mim. Um dia, o que é preciso vai estar à distância de um beijo, sem desperdício de tempo, porque tempo é uma coisa que foge demasiado rápido e de foirma irreversível e envelhecemos entretanto. Um dia, o que nos falta deixará de nos faltar porque juntas temos tudo e não nos faz falta o resto que nos sobrar. Mas enquanto é hoje e amanhã não chega, embrulho-te num abraço que a espera não detém e na pele na pele que nos abraça o universo é nosso e nele brilha o sempre em cada estrela. No relógio de areia que nos separa do dia seguinte repousa a certeza do Amor que vale a vida e a vida que me falta quando me faltas tu. Creio em ti como o milagre da eternidade.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Clareza de ser

Cliff Wright, Partial Melt, 2005

Se tudo fosse tão cristalino quanto a certeza que nos abraça todos os dias desde o príncipio de nós, o mundo inteiro seria uma imensa gota de água mais pura do que a sede urgente que deseja saciar-se. Quando olho para ti reparo na forma translúcida em que te deixas acontecer em mim e, acontecendo assim, me tornas tão transparente no que existo, em que tudo começa e acaba em ti. E este Princípio de certeza, em que tu e eu somos termos de uma equação de resultado infinito, traduz a forma absoluta em que nos descobrimos em Amor. Se tudo fosse tão lúcido quanto a certeza que escolhe o Amor... Porque escolher o Amor é escolher a Vida - escolher-te a ti é escolher a eternidade.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Coração quente

Cliff Wright, All for the love of it..., 2005

Ao pé de ti nunca tenho frio porque me embrulhas o coração numa manta cheia de calor, porque me seguras as mãos por debaixo da pele. Não sinto frio ao pé ti porque os teus lábios me queimam no mesmo beijo de sempre, porque na minha alma há uma fogueira acesa que alimentas noite e dia com a lenha do que somos. Quando os dias se tornam meses e os meses anos de amor, o único calor que me aquece és tu, porque és sempre sol e sempre chama em todas as estações do ano. Porque não tens fim em mim, hoje és mais do que eras ontem e menos do que serás amanhã. E quando me aninho no fogo infinito que és em mim, não há frio que me gele mesmo que me passeie descalça e nua. Porque me abraças o Inverno com a força de um velho ditado que fala de 'mãos frias, coração quente, amor para sempre'.