Ponto de partida, de chegada, ou simplesmente porto de abrigo. Os dias são viagens numa viagem desconhecida. O destino pouco importa, é durante a viagem que acontecemos e que o mundo muda de sítio e nas voltas que o mundo dá multiplicamos a nossa oportunidade de crescer. Ser adulto é assumir a responsabilidade e o compromisso dessa evolução. O erro e o medo fazem parte da viagem, assim como a vontade de descobrir e de vencer os dias pela experiência e conhecimento adquiridos no dia anterior. E do medo se faz força e do erro sabedoria. Durante a viagem podemos escolher viver.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Viver com urgência
Talvez não sentisses frio se te abandonasses à fome de viver e percebesses que o resto da tua vida não começa amanhã, mas ontem ou hoje o mais tardar. Talvez não sentisses frio se te permitisses essa urgência de sangue a queimar por dentro pela falta de tempo a que, inevitavelmente, todos estamos condenados pelo simples facto de nascermos e morrermos demasiado depressa.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Escrever de luvas
Anabark a partir de Mischa Bronstring, Lockedbibles, 2007
Hoje lembrei-me de ir buscar as polaroids que nunca tirámos à gaveta das coisas impalpáveis e publicá-las aqui ou arquivá-las noutro sítio, de acordo com a sua importância. Assim, a olhar para elas, percebo que são muitos os momentos que ocupam este armário a guardar dentro a memória do que somos e do que erámos quando tudo começou. Hoje, sem mais nem menos, lembrei-me de desarrumar a memória e reviver o tempo desordenado. Foi assim que passei o meu dia, não me apeteceu fazer mais nada. Porque está a chover e está frio, refugiei-me no cheiro reconfortante de um móvel de madeira imaginário cheio de coisas nossas quentes, momentos de agasalho de ontem, hoje e sempre, que nos embrulham até que as massas de ar frio, que lá fora sopram os dias, deixem de o ser.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Inesperado
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Horas de gelo
F-Pappenheimer, Starlight, 2010
Conto as horas gota a gota, o tempo estende-se, torna-se longa a espera. Reparto os grãos de areia que ficam entre o que eu aguardo e o que me separa. Conto sem fim o fio de areia que vejo esvaziar lentamente minuto a minuto. Espero. E tudo anda mais devagar no tempo em eu espero. As gotas de água que substituem a areia cansada de contar as horas quase se tornam gelo e suspendem o tempo na ponta das folhas das árvores. Tenho as mãos e o corpo frio, porque me fazem falta os teus braços durante as horas geladas que as gotas de chuva prolongam na distância em que não estamos embrulhadas e no tempo que, daqui até aí, nos demora o calor do abraço.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Chão de água
E, caminhando o Inverno, o chão tornou-se água, que abraça os pés em toda a volta, como se fosse essa a forma de fazer entender que assim é mais fácil a caminhada. Aqui e ali encontramos pedras, reais e imaginárias, pequenas, grandes, do tamanho que nós lhe inventarmos à nossa medida. Aqui e ali perdemos o pé e estremecemos. Depois olhamos para baixo. A água continua a embrulhar-nos os pés, como se fosse essa a forma de nos fazer saber que a carícia translúcida das ondas nos faz ver melhor por onde vamos. De resto, pouco importa se o Inverno se mantém invernoso, se a maré sobe ou desce, se o ceú se abre ou escurece. Não faz diferença a quem tem a claridade de saber onde quer ir.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Dentro, uma janela
Nem sempre reparamos nos diamantes que tropeçam no nosso andar. Nem sempre perdemos tempo para contemplar a luz que nos ilumina, não a noite mas os dias por inteiro para além do tempo contado em unidades. Nem sempre estamos há altura de ver mais longe, para lá da matéria em que fixamos o olhar. Nem sempre encontramos a beleza onde ela existe sem senão - pura, translúcida, infantil. Perdemos tanto e percebemos quase tudo pela metade. Os olhos enganam-se e, às vezes, derrapamos numa cegueira continuada. Perdemos. Anoitecemos sem reparar. E o tempo foge mais depressa do que a nossa teimosia. O tempo é curto. Não nos espera. Vem, meu amor, à procura de tudo o que ainda não sabemos, e sabemos quase nada. A casa que construimos é o que nos falta descobrir e o que já encontrámos pelo caminho. A viagem é uma janela aberta virada para os diamantes que guardamos dentro e que nos oferecemos generosamente quando saimos à rua ao encontro uma da outra.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Podemos almoçar?...
Não foi há muitos anos, mas já passaram alguns. Não temos muito tempo, mas temos uma outra vida. Podia ter sido ontem, lembro-me como se tivesse sido hoje, há poucas horas atrás. Podia ser amanhã e eu saberia reconhecer-nos, como me reconheceste da primeira vez. Seria fácil, como foi quando inesperadamente nos chegámos. Seria fácil hoje, amanhã, sempre. Porque há momentos instintivos, como nascer, respirar e morrer. Reconhecer-nos esse instinto de quem se acolhe na manta quente que corpo e alma sempre precisaram e nunca antes desse dia nos embrulhou, é renascer, crescer e viver. A vida só existe nesse acto instintivo que reconhecemos como Amor. Foi neste dia que te conheci e, reconhecendo-te, conheci-me. De forma inesperada, aprendi a respirar e a correr riscos pelo prazer de viver. Viver é amar-te e continuar a reconher-nos todos os dias.
Subscrever:
Mensagens (Atom)