Anabark, Catedral, JUN2011
Não há muito tempo, havia uma catedral de luz em todas as ruas por onde eu passava. Não há muito, todas as casas dessas ruas eram altas e luminosas e nunca chovia nem se ouvia o vento frio que estremece os edifícios altos. Tudo era abrigado, acolhedor, não há muito tempo. O mundo não mudou de lugar, mas as ruas tornaram-se mais estreitas, sombrias e irregulares. As catedrais desapareceram, só ficaram casas devolutas, sem telhado e janelas abertas de par em par. Continuo a passar pelos mesmos sítios, passeando a memória das catedrais. De vez em quando, os pássaros que habitavam esses lugares descem até aos passeios e contam-me histórias, nem falsas nem verdadeiras, do tempo das catedrais. E eu fico a ouvir, distraída pela luz do céu que transportam nas asas. Quando anoitece, voo com eles para lá das nuvens, ao encontro de um tempo diferente que me devolve a ideia de infinito sem a fragilidade dos vitrais dos templos.
3 comentários:
como eu gosto de a ler!!!
Obrigada! :))
... :/
Bjs
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