terça-feira, 25 de setembro de 2007

Quarto duplo

Anabark, Opera (SET07)

Para mais tarde recordar o que as paredes que nos observam seguram através dos anos, porque há momentos que fazem o tempo e a vida, porque é impossível esquecer pormenores que nos viveram e que testemunharam a nossa existência neste tudo que se estende como um mar sem princípio nem fim, colecciono-te em mil cores, formas e feitios. Porque existes em tudo à minha volta e eu só existo por inteiro no caminho que somos nós, porque és a parte de mim à qual me regresso depois de mil anos à espera de ser completamente, invento estradas de palavras em que todos os cruzamentos me levam a ti. Porque te adivinho sem saber como e te pressinto e sei porquê, porque me sei e sabendo-me sei-te a ti, porque nem a distância nos separou e nunca desistimos, aprendo a vida através do que me vai na alma e na alma tenho a calma do que me ensinou o coração. Amor és tu no que sinto tão completamente como o ar que respiro. Amor é a voz que oiço quando me falas ao ouvido. Amor é o que o coração explicou à alma num beijo que ficou para sempre tatuado debaixo da pele. Sinto-te inevitável, eterna, uma pedra precisosa que guardo num abraço que nunca chega ao fim. Colecciono-te milímetro a milímetro em pleno desassossego dentro e fora de mim.

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