Sobre a mesa estás tu. Sobre o chão, sobre a terra, sobre as montanhas que a decoram, sobre tudo e sobretudo existes tu. Não me lembro de mais nada para além da forma como ocupas os meus pequenos grandes dias. Não me lembro de existir um mundo sem ti. Não sei sequer se é possível que o mundo tenha existido sem ti. Porque mesmo antes de existir um nós, havia em mim uma ideia, um conceito e a secreta esperança de que existisses fora da minha cabeça. Eu nunca vivi sem ti. Antes de me encontrares, vivi num intervalo de tempo, numa pausa feita da experiência necessária para saber reconhecer-te como o elo primordial do sentido que me segura à vida. Sobre a mesa estamos nós numa refeição que nunca nos satisfaz porque porque tudo nos sabe a pouco. E tudo tem o valor do infinito. Bom e mau faz parte da vida. Sou maior pelo que aprendo no que nos revelamos sobre a mesa. Bom e mau, somos inteiras e nada pela metade. Não quero nenhum paraíso artifícial, quero o bolo todo e as migalhas que sobrarem. Quero-te a ti completamente, nem mais nem menos. Quero-nos condenadas pelo pecado de sermos livremente a imperfeição humana que, todos os dias, nos apaixona incondicionalmente. Quero-te como a sobremesa da vida na vida de todos os dias, assim, tão única quanto um ingrediente mágico e secreto, que vale a eternidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário