segunda-feira, 7 de julho de 2008

Viagem a cores

Jeanne Newman, Postcards from Lodz Series, 2004

Todas as horas me sabem a ti e todas as horas que passam longe do nós que somos inseparável me parecem viagens infinitas e desertas de cor. Porque a vida que descubro neste estar contigo é vida plena de alma. Quando viajo sozinha corro para te chegar porque em qualquer parte do mundo ou canto do universo tenho um único destino: tu. Não descubro nem contemplo paisagens pelo caminho, porque não há paisagem onde tu não estás comigo. Não me distraio a olhar o que não posso partilhar contigo nem perco tempo à procura de postais. Não reconheço cor na fotografia onde não te encontro. Onde não me partilho contigo não há luz. Este estado de emergência de viver-te sempre mais é uma missão sem retorno, uma forma de vida absoluta, porque viver é partilhar e encontrarmo-nos no que temos para dar e receber a toda a hora. Aprendo mais de mim no que me descobres em nós e no nós que construimos vou coleccionando partes de ti, umas que me ensinas, outras que vou desvendando na paisagem que compomos nos tons do que sentimos por debaixo da pele. De nós vem uma luz diferente que não brilhava antes isoladamente. Do nós reflectem cores e possibilidades infinitas de desenhar paisagens, mudando as montanhas de lugar. Se nós quisermos conseguimos ser imortais.

2 comentários:

Layse Moraes disse...

é sempre engano nosso achar que só nós sentimos.
estamos vivendo iguais na distância.

Always disse...

E não é bom descobrir que alguém, que nem conhecemos, nos percebe a intensidade do sentir que cada palavra aqui escrita carrega?