segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Repetição

Adalberto Tiburzi, La Luce di Eraclito, 2006

Deixa-me dizer-te outra vez o que te digo todos os dias quase por necessidade primeira: tenho esta certeza infinita que, de tão certa, me parece imbatível. Tenho a certeza que a forma como, debaixo da pele, te sinto fluir como sangue eterno é tão absoluta em mim que passou a ser a medida de todas as coisas visíveis e invisíveis, como se nada mais tivesse valor porque nada mais existe para lá do que me habitas. Por vezes, fico a pensar no que te diria se, algum dia, te escrevesse uma carta de amor, e depois desisto. Não saberia dizer a certeza de sentir-te sempre antes, durante e depois de tudo certamente. E, por mais que tentasse, falharia em descrever um coração que te vive e revive constantemente na absoluta certeza de que viveremos para sempre. Por isso, deixa repetir-me vezes sem conta a dizer-te, todos os dias, este amor sem carta que te chega sem princípio, meio ou fim. Deixa-me dar-te conta assim desta luz que nenhuma noite escura apaga em mim.

2 comentários:

Helena disse...

... isto não é um blog ... é um lugar mágico.

Beijinhos
Druiel

Always disse...

Assim sendo é uma magia partilhada nos dois sentidos: entre quem escreve e quem compreende o que está escrito. :)

Beijos para ti também