segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Descrição

Jakob Ehrensvärd, Exploding sugar cubes

A vida acontece acontece mais depressa do que a dor tantas vezes incurável. A vida passa sem darmos conta que envelhecemos e da irreversibilidade do que vamos ficando. Aqui e ali juntamos estilhaços úteis de uma moldura que nos configura a existência, com mais ou menos sentido, dependendo do empenho que lhe dedicamos. E ainda que tudo se transforme, às vezes perdemos o jeito de criar de novo. E nesses momentos, salva-nos o espaço interior que nos faz sentir inteiros, unos e cristalinos, o que sentimos só nosso incondicionalmente, ou nada do resto faria sentido. E só o Amor assim se descreve. Nada em mim é mais verdadeiro do que o laço que me faz viver-te sem descanso porque não sei distinguir-me de ti. No que me une a ti não envelheço, recrio-me e transformo-me. Aprendo a vida do princípio, porque não sei nada e quero muito aprender sobre todas as coisas que somos sem saber. De ti nasce-me a vontade de ser para sempre porque, à medida que o tempo passa, seja qual for a estação do ano, confirmo que não sei separar-me de ti. Só o Amor assim se descreve, neste olhar para dentro e ver-te aqui, para além da pele, onde as mãos não tocam, aqui no mais intímo e autêntico do que sou e tu és num todo. Só o Amor assim se descreve, a clareza de ser contigo, indivisível.

4 comentários:

S-Kelly disse...

Efectivamente, o amor vale tudo, quase que impressiona dizer que amando nem a morte se teme. E ao ler este teu texto lembrei-me de uma citação de um escritor português conhecido e que se encaixa na perfeição: "nos teus braços morreria..."
Um abraço

Always disse...

S-Kelly,

Amando, a única morte que se teme é a morte de quem amamos.
Posso perguntar quem é o 'escritor português conhecido', autor da citação?

Um abraço

S-Kelly disse...

Como falamos em AMOR, o escritor é Pedro PAIXÃO, quem mais poderia ser? ;-)
Abraço

Always disse...

PAIXÂO, AMOR... Pedro Paixão, pois então! Obrigada :)

Abraço