quinta-feira, 31 de março de 2011

Com ou sem morangos...

Anabark, Cama, malas e... [MAI06]

I can't think straight... under my skin!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Frustação

Yves Rubin, Asphalt Dreams, 2008

"O que mais nos incomoda é ver os nossos sonhos frustrados. Mas permanecer no desânimo não ajuda em nada para a concretização desses sonhos. Se ficamos assim, não vamos em busca dos nossos sonhos nem recuperamos o bom humor! Este estado de confusão, propício ao crescimento da ira, é muito perigoso."
Dalai Lama

terça-feira, 29 de março de 2011

Coração de papel

Anabark, Caído na rua #1 [Telemóvel, MAR2011]

Encontrei-o, durante a noite, caído na estrada, atropelado pela indiferença dos carros que passavam e de olhos que não repararam. Assim, dobrado ou amarrotado pelo acaso, ou talvez não. À chuva, ao frio, inteiro na intenção. Abriguei-o na minha atenção. Procurei-o esta manhã, à luz do dia. Não estava lá, mas trouxe a memória comigo e dou-lhe aqui abrigo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Boa vontade

John Hamers, Sem título, 2011

"Pelo facto das pessoas serem como são e não como desejaríamos, é que nos tornamos tão irritadiços, rudes, mal humorados em certos momentos. Uma das causas frequentes de nossa falta de boa vontade com algumas pessoas, inclusive muito próximas de nós, é nosso apego a ideias de como as coisas e as próprias pessoas deveriam ser. 
O mais provável é que a vida com que sonhamos nem exista. Em vista disto, resta-nos a realidade. E quanto mais apagamos das nossas mentes a fantasia, maiores chances de descobrir elementos de prazer a alegria espalhados na vida real. E haverá mais afabilidade e doçura em nossas palavras e gestos, tornando a vida muitíssimo mais agradável."
Rita Foelker

sábado, 26 de março de 2011

Alma ao sol

Gordon W, River grass at sunrise, 2009

Espero que o sol aqueça e que a camada de gelo que te embrulha o coração se transforme num rio onde possamos navegar. Espero que raios de luz cintilante tornem o gelo translúcido e que consigas espreitar-me e ver, para além de espelho de tudo o que em ti se passa, o quanto de nós preservo intacto. Porque estou esgotada de subir e descer a montanha das coisas incompreensíveis e nada é mais desgastante do que caminhar vezes sem conta o mesmo caminho, às escuras, ao frio, carregando apenas pedras nos bolsos como alimento. Porque é estúpido entregar a alma a um caminho sem luz e sem paisagem cujo o único destino é a escuridão absoluta. Espero que o sol te aqueça e que a luz te ilumine uma perspectiva, uma ideia do quanto me habitas o coração, com ou sem razão, intocável no que sinto.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Anabark, Vida [JUN2010]

No irritante chão de pedra vou espalhando pétalas das flores que cuido dentro. A pedra é apenas pedra, não se reproduz. As flores não duram para sempre, eu sei, mas a devoção de quem as cuida fá-las renascer. Tal como as flores que nascem, morrem e voltam a nascer ao ritmo das estações do ano, também nós morremos muitas vezes quando nos fechamos no medo de viver. No irritante chão de pedra feito caminho de medo, vou deixando a cor que a terra fértil que sei que somos fez nascer.  O jardim que amo e cuido é um campo aberto que o inverno não apodreceu. E quando o sol deixar de ser tímido, do mar cinzento de pedra brotarão as flores que guardo e cuido dentro como princípio de luz.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Por outro lado...

Anabark, Visão turva [Telemóvel, JAN2011]

Ter razão é tão relativo quanto a posição que ocupamos no espaço. Depende, em primeiro lugar, do ponto de observação que escolhermos e essa decisão determina todo o raciocínio a seguir e os nós no pensamento que, aqui e ali, nos estrangulam a clarividência das coisas. Ter razão é um desejo e não uma verdade linear. Entre o que tu sentes ser verdade e o que realmente é e o que eu entendo como a minha razão há, certamente, muitas outras possibilidades de interpretação e outras tantas meias-verdades. Se mudarmos de sítio, a perspectiva é diferente, a realidade parece outra e, no entanto, nada mudou, a não ser a nossa visão, agora mais esclarecida pelo alcance panorâmico acrescentado. Tu tens razão, eu tenho razão, nenhuma de nós tem razão realmente. Temos a razão que teimamos ter, quase irracionalmente, enquanto permanecermos no mesmo sítio. E, se nos quisermos perceber de forma inteira e íntegra, é preciso compreender que o espaço que ocupamos individualmente começa e acaba em nós, se condicionado pela indisponibilidade de espreitar o outro e andar nessa direcção. Se essa vontade não existe no coração, não será na cabeça, suspensa no nevoeiro, que a iremos encontrar. Se o amor existe e insiste em manter-nos vivas, somos mais do que essa cegueira que nos consome por coisa nenhuma, diz-me a clarividência do coração.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Tango

'Les emotions d' aujourd hui', by Nonnetta

No espelho, reparo em partes de nós desengonçadas e ideias desarrumadas à espera de tempo e de vontade para deitar fora as coisas inúteis que ocupam o espaço que nos falta para algo mais importante, porque a vida acontece mais depressa do que o tempo que desperdiçamos a manter tudo teimosamente desarrumado. No que me une a ti não envelheço, recrio-me, transformo-me e tento aprender a vida do princípio, porque sei que nada sei e quero aprender o que sou ainda desajeitadamente. Por isso, aqui, ao espelho, sonho que tiras as mãos dos bolsos e vens dançar comigo como se fossemos a medida de todas as coisas infinitas e o nosso tempo não se contasse pela história das coisas desarrumadas.

terça-feira, 22 de março de 2011

Sobre o arame sem rede

Ann LT, Ping to myself

Diz ao Amor para não se esquecer de nós. Diz ao Amor que nos procure no mundo que tu e eu conhecemos bem e sabemos a vida infinita que, nele, nos habita. Saber quem somos é preciso, como também é preciso reconhecer as linhas tortas que nos desenham. Porque crescemos mais fortes e conscientes. Porque sabendo que a vida não acontece a ninguém, em parte nenhuma, em linha recta, procurando respostas edificamos maturidade. Quem, no mundo, depois de experimentar o amor, pode contentar-se com menos? O amor é um caminho sem retorno, por tudo o que nos acrescenta, por tudo o que nos faz sentir de bom e tudo o que nos faz sofrer, porque nada se passa sem consequências. Depois do Amor se instalar não voltamos a ser os mesmos, deixamos de ser tábuas rasas, somos mais uma dimensão. Não há como evitá-lo, sem ele sente-se o perigo iminente da janela aberta para saltos mortais no vazio. Ouve o Amor com amor no coração. 

segunda-feira, 21 de março de 2011

Deserta

Anabark, Burning fire, [telemóvel, FEV2011]

São cruéis as horas que passam desertas de ti. Os dias sem o aconchego de um hipotético beijo teu são áridos, frios, ocos, porque passam lentos no relógio da saudade e no silêncio em que te escuto. Se ao menos conseguisse dormir para me distrair da falta que me fazes… O amor que em mim acontece sem intervalos é feito desta saudade infinita. E as palavras são tão pequenas para te dizer tudo isto…

domingo, 20 de março de 2011

Escolhermo-nos...

Untitled

Sou o tempo que vivi e já vivi muito tempo desde que nasci para chegar a mim, num tempo que não é mesurável em anos mas no que me descubri capaz de ser e de sentir. Passaram milhares de anos desde que nasci para chegar aqui e só aqui cheguei porque tu chegaste até mim. Provavelmente, não saberás o quanto quero dizer com isto. Provavelmente entenderás apenas as palavras que escrevem a ideia, mas falharás a profundidade que a escreve. E isso atormenta-me porque, para mim, urge desfazer o equívoco que cavámos entre nós como um abismo. Porque me magoa, porque é estúpido e sem paredes sólidas que o sustentem para além da mesquinhez que teimamos exibir como enxada. Porque revela o pior que podemos ser e ninguém quer ser esse fundo do abismo, dia após dia, até o coração se tornar de pedra. Somos as escolhas que fazemos e eu escolhi-te, escolho-te a ti, e a mim também no melhor que sou, para além da mágoa, que existe também em mim como em ti, porque não quero ser vítima só porque não soubemos  fazer melhor do que cavar o abismo sem darmos conta. Porque não fizémos de propósito, aconteceu por estarmos, distraídas, a olhar para baixo, esquecendo a elevação do Amor e as estrelas como horizonte. Não gosto que te esqueças do princípio de tudo, daquela culpa que não 'foi do vinho' e do Amor que sempre foi insensato, intenso e maior do que a nossa vontade. Não gosto de perder de vista algo demasiado grande para se diluir na pequenez de sentimentos vis. Não sou essa pessoa. Amo, amo-te. E amar é ter a generosidade de alma de receber e encontrar formas de reconciliação. A fé que tenho é esta, mas preciso que a alimentes comigo... não acho que gostes de ser prisioneira do abismo. Caminha comigo!

sexta-feira, 18 de março de 2011

O que não adormeço...

Adalberto Tiburzi, Id-entity series - Glass, 2005

Aninha-me uma imensa tempestade e não consigo adormecer... Não durmo porque tenho medo do escuro mesmo quando o quarto está iluminado. E sonho-te, de olhos abertos, com o vagar impaciente de quem espera. Sabes o que te procuro, meu amor? Não procuro mais do que o que eu sinto e do que te encontro quando a mim te dás. Não quero mais do que o tamanho infinito do que abraço em ti, porque não existe mais para além disso. Perdoa-me se te parece impossível. Trago em mim esta ideia a segurar-me o corpo, a alma e o coração contra o desequilíbrio da tua ausência porque as saudades são escuridão e nelas tropeço noite e dia, dia após noite após dia. Não sei amar-te menos hoje do que amei completamente, ontem, no silêncio e na distância de um copo vazio.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Amor em contratempo

Harry Behret, Fences, 2004

E se o Amor, para se provar Amor, se testa a si próprio através obstáculos difusos pelo caminho, em vez de nos deixar seguir numa recta a perder de vista o princípio, o prazer da viagem e o sentido da caminhada? E se tudo o que se sofre, chora e luta é a prova de fogo do Amor àqueles que junta como amantes privilegiados? Se o Amor nos empurra e nos faz cair à espera de nos ver levantar mais fortes, tudo o que deixamos cair ao chão continua no mesmo sítio à espera de ser reencontrado. Por tudo o que vivi sei que o Amor não tem prazo de validade. O Amor é sem tempo - tem contratempos, momentos de desencontro quando está desarrumado, mas não se acaba como algo consumível. Não é finito aquilo que não se define materialmente. O Amor vem de dentro, surge e sente-se sem explicação. Não acredito que se acabe aquilo que nem tu nem eu podemos tocar pela nossa vontade. Esquecer? Procurá-lo noutro lugar aonde não está e poderá nunca vir a estar?... Talvez, mas só depois deste coração morrer - prefiro chorar, sofrer e lutar mas, no fim, dizer que AMEI.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O que aqui se passa

Benoît Jolivet, Patience... Bientôt l'Été / Waiting for Summer

Se soubesses as vezes que as palavras me ficam penduradas, num ou noutro pensamento ou em vários ao mesmo tempo, e me falham em transmitir fielmente o sentir?... Sabes quantas vezes te procuro no que as palavras não encontram e no que teimo em não deixar fugir? Ou quantas vezes o meu pensamento impaciente me atropela as intenções e perco o fio inteligente do que te quero dizer com a simplicidade de um sorriso? E quantas vezes a impaciência me retira sentido, e beleza até, no que digo sem sentir só porque dentro de mim tropeço e caio mil vezes por segundo? Se soubesses as vezes que me ultrapasso para chegar a tempo e chego depois de tudo a perder?... Quantas vezes espreito de memória o teu sorriso à espera que me adivinhes e à minha vontade de te beijar? E depois beijo em pensamento e abraço-te também. Mas tu não sabes e não sabendo de nada me vale. E ainda assim, nas horas que passam vazias e ausentes de nós, eu acredito que 'não é tarde nem cedo para quem se quer tanto'.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sobra amor ao silêncio

Raymond Ma, Gardens of Mystery


Agora as semanas vão passando cada vez mais difíceis e mais pobres porque me sobra o amor e o amor não deve sobrar nas mãos de quem tanto o quer dar. Tudo sobra no silêncio. Não morri, não morreste, mas as saudades são quase dessa forma irreparáveis. Não tenho vergonha nenhuma de dizer, a quebrar o silêncio, que tenho saudades. Porque as tenho e coisa nenhuma no mundo me distrai dessa solidão cá dentro que sinto como ar irrespirável. Metade da minha vida foi-se e já não tenho outro tempo de vida para aquilo que só acontece uma vez na vida, porque já aconteceu quando te encontrei. 'Tudo é eterno enquanto dura', foi a mais dura lição que aprendi. Soubesse eu e teria tornado os momentos de infinito ainda mais infinitos, até o tempo parar e fixar-nos nessa eternidade. Teria aproveitado mais, pensado menos. Teria rido mais vezes descontrolada e sem pudor e teria feito rir da mesma forma. Teria abraçado mais do que é possível os braços abraçarem. Fiz tudo isso, dei tudo, o melhor que sabia pelo menos. Não sabia tudo, ninguém sabe tudo. Mas teria feito tudo em duplicado, em triplicado, dezenas, centenas de milhares de vezes, porque não seria demais a felicidade e o Amor não sobraria feito solidão interior num coração que não sabe deixar de amar.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Se calhar não é assim...

Roe,... Heart of gold, 2008

Tenho a certeza que o Amor é perceber que duas pessoas não são uma só mas a soma das partes de cada uma. E que amar é aceitar o outro, sobretudo nas contrariedades e torná-las vantagens, pela experiência acrescentada que resulta da diferença de gostos e de pontos de vista. Tenho a certeza que o Amor é querer conhecer melhor e não desistir do que não compreendemos, se calhar porque nunca pensámos nisso. E que amar é confiar que vamos aprendendo todos os dias a perceber o 'incompreensível'. Tenho a certeza que o Amor é assumir que não sabemos tudo e que, por não sabermos tudo, faz-nos falta um outro ângulo de visão do mesmo caminho. Se não for assim, não faz mal, posso melhorar o meu ponto de vista.

sábado, 5 de março de 2011

Falo por mim...

Stéphane Bouchard, A piece of eternity, 2004

Falo por mim, que sou feita à moda antiga: 'para toda a vida' quer dizer isso mesmo, para toda a vida. Falo por mim, que aceredito que o Amor não se desfaz com o tempo: 'para sempre' é para sempre. Falo por mim, que sei quem sou e o que sinto com certeza: infinito é sentir para além e apesar de tudo. Falo por mim, que acredito que o sentimento não se esquece: se esquermos não será, certamente, Amor. 
Falo por mim apenas, que sinto sempre como da primeira vez.