Anabark, Visão turva [Telemóvel, JAN2011]
Ter razão é tão relativo quanto a posição que ocupamos no espaço. Depende, em primeiro lugar, do ponto de observação que escolhermos e essa decisão determina todo o raciocínio a seguir e os nós no pensamento que, aqui e ali, nos estrangulam a clarividência das coisas. Ter razão é um desejo e não uma verdade linear. Entre o que tu sentes ser verdade e o que realmente é e o que eu entendo como a minha razão há, certamente, muitas outras possibilidades de interpretação e outras tantas meias-verdades. Se mudarmos de sítio, a perspectiva é diferente, a realidade parece outra e, no entanto, nada mudou, a não ser a nossa visão, agora mais esclarecida pelo alcance panorâmico acrescentado. Tu tens razão, eu tenho razão, nenhuma de nós tem razão realmente. Temos a razão que teimamos ter, quase irracionalmente, enquanto permanecermos no mesmo sítio. E, se nos quisermos perceber de forma inteira e íntegra, é preciso compreender que o espaço que ocupamos individualmente começa e acaba em nós, se condicionado pela indisponibilidade de espreitar o outro e andar nessa direcção. Se essa vontade não existe no coração, não será na cabeça, suspensa no nevoeiro, que a iremos encontrar. Se o amor existe e insiste em manter-nos vivas, somos mais do que essa cegueira que nos consome por coisa nenhuma, diz-me a clarividência do coração.
8 comentários:
Este foi dos textos que mais gostei de ler por aqui.
Pontos de vista, opiniões, "maneiras de ver as coisas"... todos temos, e ainda bem que não são todas iguais, senão o diferente seria igual.
Há que encontrar um meio termo, entre o coração e a razão, e principalmente entre os dois lados de opinião :)
Foi exactamente essa a ideia que quis transmitir e fico mesmo contente com o teu comentário porque ele me assegura que não falhei no que quis explicar.
Obrigada pelo feedback. :)
Também gostei muito do texto, Always.Lindo como tantos outros que tu escreves.Também compreendo que, por vezes, o nosso coração se assuste, com tanta razão, e não o deixem falar mais alto por um ror de coisas que nos rodeiam e nada têm a ver com ele.Por outro lado, nada mais temos do que o nosso coração e a nossa razão por isso temos, invariavelmente, de fazer a vontade a um ou a outro por mais que custem às partes, às nossas e às dos outros.
ter razão é sobretudo aquilo q delineamos para nos servir de base, agora parece-me q a questão principal, p mim, é se o outro transgredio ou não aquilo com q me identifico, se o outro rasgou ou n o centro do meu equilíbrio, pq opiniões tds temos m eu tenho é q saber primeiro quem eu quero ser; Magoar tb todos o fazêmos, uns mais outros menos, e qd isso acontece hà cedências q se podem fazer embora por vezes o desiquilíbrio causado pelo rasgo tenha sido tão profundo q n seja possível voltar.Entre as 2 situações, o q maguou e o q não quer deixar q o magoem, não sei qual a pior. M o q eu gosto mm é qd tu escreves c finais felizes :0)
pronto,
AB
Underadio,
A vida é feita de sobressaltos, reajustes, recomposições, aprendizagens... e maturidade das pessoas se evidencia na capacidade de gerir tudo isso.
Um beijinho para ti! :)
R.
Compreendo o que dizes e acrescento que cada um fará a sua avaliação subjectiva das circunstâncias. Importa, contudo, considerar uma cadeia de causas/efeitos subjacente em cada situação e compreender que não existimos isoladamente e que não somos unidades estanques.
O equilíbrio de que falas passa também pela nossa, maior ou menor, capacidade de integração dos factos e que depende, obviamente, daquilo que somos estruturalmente.
Claro que, antes de mais, é preciso saber quem somos para poder integrar o outro - se existe uma base individual insegura isso irá reflectir-se na interacção com os outros, gerando processo de dúvida e falta de confiança continuada.
Abraço :)
Hello my friend!
Gostei :)
Gosto sempre de te ler, pelo bom senso, pela simplicidade, pela coerência, pela verdade (a tua), e pela generosidade na partilha :)
Deixa-me só acrescentar uma coisinha neste texto: para além da razão, que depende sempre da pespectiva individual, não nos devemos esquecer nunca da responsabilidade por essa mesma perspectiva, porque somos nós que a escolhemos.
Um abraço
N.
Que bom voltar a encontrar-te por aqui :-)
Obrigada pelo teu feedback. Aqui dou conta da minha verdade, como sempre fiz. Falo por mim. Há quem lhe reconheça validade mais abrangente e se reconheça nos meus 'pontos de vista', ou pelo menos, reconhecem que a minha visão faz algum sentido e é coerente. :-)
Acrescentaste a responsabilidade e fizeste bem. Somos responsáveis pelas nossas acçoes que nao sào episódios inconsequentes, inscrevem-se num processo de causa e efeito. E muitas vezes agimos em resposta a situaçoes desencadeadas por um combóio de situaçoes em descarrilamente em que cada um tem responsabilidades para assumir e compreender melhor que a razào é uma posição individual muito relativa.
Um abraço grande!
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