segunda-feira, 11 de abril de 2011

Lado esquerdo

Susan Rovira, Owl Creek Pass

Á medida que vou vivendo, vou cada vez mais tomando consciência de que sei muito pouco da vida. Quanto mais conheço menos sei. E neste assumir, com todos os riscos, a minha ignorância, assumo também a minha humildade perante o mundo e perante tudo quanto desconheço. A verdade é que, embora haja diferenças significativas no que diz respeito aos fragmentos de conhecimento que dispomos, somos todos iguais no infinito da nossa ignorância. E eu não sou melhor do que ninguém. A minha razão é e será sempre relativa. O meu lado esquerdo é, por conseguinte, o meu chão, porque não tenho dúvidas em relação ao que me anima. Não duvido do que sinto. Se duvidasse, mergulharia num enorme vazio e perdia-me de mim mesma. E nada seria pior do que a deriva nesse vazio em que já vivi quase uma vida inteira, onde nem a razão me fazia sentido nem o eco da minha voz eu ouvia... O meu lado esquerdo é a vida, o que sou e o que existo, a prova de que a alma existe e de tudo o que em mim vale a pena. Ignorar esta intensidade é esvaziar-me de conteúdo e abandonar-me à escuridão. Naquilo que sei que sinto tenho a certeza de mim mesma.

7 comentários:

Lábios de Caprichos disse...

O ser humano é "ignorante", nao no sentido de burrice ou estupidez, mas - enquanto Ser imperfeito - nao tem conhecimento suficiente sobre tudo.
Por vezes (raras vezes), sabe o que sente. Segue instintos, sensações, emoções, e... noutros momentos, segue a razão. Mas a incógnita fará sempre parte de nós.

Always disse...

Se não soubermos o que sentimos, estamos mal connosco mesmos, em conflito, pelo menos. Penso que, assumindo o que sentimos, a razão flui e tudo se torna mais fácil de organizar. A desordem emmocional é o maior obstáculo que podemos enfrentar na nosso processo de construção interior. Parece-me fundamental que tenhamos esse lado bem reolvido para poder ter paz de espırito e fazer funcionar todas as nossas outras dimensões. Falo por mim e da minha necessidade absoluta de plenitude emocional. Não sei lidar com a ambivalência nem em mim nem nos outtros. Não aceito em mim sentir pela metade. O desgaste e a ansidade de não ter certeza do que sinto ser-me-iam fatais. Morreria lentamente nesse vazio insustentável. É o que conheço de mim e o que o Amor me ensinou. Poderá não ser o melhor caminho, mas não sei ser de outra maneira depois de ter experimentado o Amor.

whitesatin disse...

Dou-te os meus parabéns! Fico muito feliz por saber que te conheces e te reconheces naquilo que és/onde existes - Nunca tive dúvidas! - :)
Sabes quantas pessoas vivem nessa certeza? Um número terrívelmente limitado...e a incerteza, a dúvida, a inconstância, matam. Matam o espírito...morre-se devagar na dormência/na ignorância do sentir, quando não se sabe que se sente ou o que se sente...também já lá andei..nas trevas..e felizmente consegui encontrar-me e reconhecer-me a tempo ;)

Um abraço

Always disse...

A meu único conforto de alma, neste momento, é ter a exacta certeza do que sinto. Conheço-me bem. Hoje, como em 2006, sozinha no mesmo lugar de trevas, sei exactamente a intensidade do que sinto e não nego nem recalco essa parte de mim que me confirma a existência da alma. E ainda que tal não me valha a pena - porque o que sinto se tornou irrelevante para o amor da minha vida -, não posso enterrar-me em parte e esperar manter-me viva. Porque se deixar de sentir é morrer, de facto.
Sofro a escuridão de ser apenas eu a sentir com a certeza e a força de sempre. O Amor, mais do que estranho, é difícil, não é para todos. Isso explica por que é que tanta gente se fica apenas pelo 'gostar'.

Always disse...

PS - Lembro-me tantas vezes da tua história, N. Não é assim tão diferente da minha, na essência. TU sabias e que o sentias, com clareza e sem ambiguidades.

As minha trevas são a infelicidade de perder o Amor da minha vida por não sei muito bem o quê. Mas perdi, é tudo.

whitesatin disse...

Ai amiga...o que nós temos que conversar...! LOL
Mas digo só isto: se amas, vives. O amor incondicional (que não é para todos porque nem todos o compreendem) não pede nada em troca. É um estado de alma permanente que nos mantém vivos. Portanto, vive. Vive na plenitude da tua certeza em paz de espírito e consciência.

P.S.- Se bem te recordas, conheces o meu caminho...e no entanto ainda por aqui ando, melhor que nunca e em permanente evolução ;D

Um grande abraço

Always disse...

N.

Só posso agradecer as tuas palavras de fé. O teu exemplo sempre foi para mim uma inspiração! E tens razão o amor incondicional não pede nada em troca, porque é plenitude e certeza em nós.
Ainda não cheguei ao estádio de evolução. Ainda sofro desencontrada com a expectativa criada. Temos muito para conversar, sim!... :)

Obrigada pela força!

Abraço