Anabark, Wilderness [AGO2011]
Olhei à minha volta e vi um mundo cheio de coisas com importância. E concentrei-me para olhar mais de perto pormenores que descurei quando morava num mundo pequeno e fechado, onde apenas havia uma casa, uma rua e um jardim. E quando olhei, descobri que, houve um tempo em vivi num mundo de importância relativa que a ilusão constrói. Dentro de mim, havia coisas cheias de importância desperdiçadas por falta de atenção. Dentro de mim havia um mundo infinito que, de não ter fim à primeira vista, foi abandonado à falta de cuidados. Eu chamava-lhe Amor, mas, se calhar, era só eu a chamá-lo assim e a vivê-lo nessa dimensão de grandeza, sem peso nem medida para além do sopro de vida que só ele contém. Um dia as minhas coisas com extrema importância desequilibram-se e espalharam-se pelo chão. E eu corri muito e corri tudo para as apanhar, mas tudo desapareceu nos buracos que faziam de chão. Hoje, reparo que o mundo à minha volta está repleto de coisas valiosas e que, das minhas coisas cheias de importância, sobrou pó levantado pela tempestade.
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