Gordon W., Rock Leaf Abstract, 2004
A pedra que se atravessa na pressa de chegar magoa-nos a fé de chegarmos inteiros ao fim da corrida. E as pedras somos nós nos passos que damos desequilibrados e cambaliantes, sem saber ao certo o que queremos, o que temos e o que esperamos conquistar. O primeiro obstáculo no caminho seremos sempre nós pelo que não sabemos dar nem receber dos outros, pelo desencontro, pelo despropósito e pelo desperdício. Não sou tudo, não começo nem acabo sequer em mim mas no que sou aos outros no espaço que lhes ocupo na alma. Na viagem que fazemos, o caminho seguro é feito de afectos, do que me dou e do que recebo á minha passagem. Fora desse trilho atravessam-se pedras que nos magoam a caminhada e nos vão despindo de vontade e de fé. E quando deixamos as pedras chegar ao coração morremos antes de a vida se nos acabar. Perdemos e perdemo-nos do essencial. E sem darmos por isso, é tarde demais e contam-se pelos dedos de uma mão as oportunidades de voltar atrás e confiar em quem nos quer bem.
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