sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Muros

Anabark, Vigilante (SET2011)

E tão depressa era dia como noite escura e demorava o seu tempo a perceber, pensava. O tempo era redundante, observava. Esperava compreender um dia por que falta cor á noite escura e por que sobra luz ás horas claras. De vez em quando, olhava para dentro e via janelas fechadas. Outras vezes escalava muros para estar mais perto do que não se deixa chegar. E ficava sempre a um palmo de distância do que queria e não compreendia porque não passava do mesmo sítio. Esperava compreender um dia. Esperava. E a noite e o dia confundiam-se e deixaram de acontecer separados. E o muro que separava o dentro e o fora ficou mais alto e difícil de passar. Não compreendia e pensava muito sem perceber nada. Esperava compreender um dia. Esperava esse dia. Primeiro em silêncio, depois, desastradamente, o silêncio quebrou-se. Deixou de haver dias desde então. O muro cresceu. Esperou. As horas claras não voltaram por detrás das janelas fechadas. Esperava. Espera... Nunca compreendeu.

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