quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Lentamente

Anabark, Acordar devagar (JUN07)

Adormecer lentamente, sonhar entre beijos e acordar devagar. As nossas noites começam e acabam em nós. Dormimos só às vezes e enquanto não dormimos vivemos intensamente um abraço debaixo de água sem pausas para respirar. O dia nasce depressa e nós acordamos sempre devagar. A única urgência que nos conheço é a de ficar de corpo e alma uma na outra. A cama vazia de nós perde a graça e nós morremos de saudades. Adormeço lentamente a pensar em ti, sonho-te se adormeço e acordo devagar, sem pressa de fazer a cama desfeita pelas horas em que nos desarrumamos tão completamente que amanhece e anoitece quase ao mesmo tempo sem nos darmos conta. Demora-me esta ansiedade de quem te quer voltar à velocidade da luz porque sei que nunca te chego depressa demais e cedo menos ainda. Demora-me saber que tenho de esperar. Demoram-me as memórias de nós encostadas na almofada e a antecipação do abraço em que nos quero infinitamente. Demora-me esta vontade de te mergulhar com a mesma urgência com que te respiro como sopro de vida. Na cama, demasiado arrumada, repousa a vontade de me perder contigo e de nos encontrarmos de corpo e alma em nós, acordando lentamente, vivendo intensamente. Adormecemos de cansaço, sonhando-nos amor sem fim... o coração não dorme.

2 comentários:

wind disse...

Fantástico e belo texto:)
beijos para as 2:)

Always disse...

Wind,

Confio no teu espírito crítico! :)

Beijos retribuídos em nome das duas