segunda-feira, 21 de julho de 2008

Contra-relógio

Bart Aldrich, Clouds 2, 2007

Há dias que passam e que quase não vivemos porque o tempo se esvai nas horas que nos apressam para chegar a tempo à irrelevância das coisas e às coisas irrelevantes. E o cansaço que fica da corrida entre dois ou três lugares incertos e outros tantos não-lugares esgota-nos o corpo e deixa-nos sem fôlego a caminho do voltar a casa. Hoje corri o dia inteiro e acelerei o que pude para chegar ao fim do dia. Hoje, que mal dormi, apressei-me em tudo o que fiz num contra-relógio para te voltar. E cheguei-te num contratempo que nos atrasou sem querer o que é nosso. E neste compasso que nos atrasa o mundo que somos nós, deixamos que a noite nos descanse os músculos e nos repouse a alma numa espécie de baloiço feito de braços e do abraço em que nos temos sempre e em toda a parte. Estou cansada, mas sei que tu me embalas no teu corpo daqui a pouco. Estou cansada, mas não me faltam forças para te embrulhar, num beijo, um sono descansado. E assim se desfazem os nós dos dias apressados, nesta simplicidade reparadora que o Amor encerra quase de forma inexplicável.

2 comentários:

Anónimo disse...

Queria ter palavras para conseguir dizer como é lindo o que escreve,mas só inventado palavras,porque as que conheço parecem-me insuficientes,demasiado pequenas e comuns.
... felicidades..uma só felicidade:)eterna e...para as duas!...

beijo num sopro de admiração por tudo o que as suas palavras transmitem da alma linda que é essa sua....

Paulo

Always disse...

Paulo,

Agradeço-lhe as palavras simpáticas e generosas que me dirige. São eloquentes na sinceridade que transmitem e pela forma como sentem aquilo que escrevo aqui. Obrigado!

Um beijo em nome das duas