segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Dias úteis

Jakob Ehrensvärd, Conclusion, 2006

Nos dias em que nos são úteis, sinto o mundo encolher e tornar-se tão pequenino que, às vezes, chega a desaparecer. Outras vezes, vai ficando tão difuso e indefinido que se torna, simplesmente, invisível. Nesses dias raros, porque únicos para nós, a matéria que nos funde é de uma outra grandeza e consistência que só estremece perante uma catástrofe natural. E somos sem tempo e sem fim encostadas uma à outra, a ordem de todas as coisas, mesmo daquelas que ainda não são. Tudo quanto existe perde centralidade e a pertinência relativiza-se numa inversão voluntária de prioridades. Tudo quanto existe somos nós, o princípio e o fim de tudo e não o mundo que nos sobra. Nos dias que nos são úteis, o universo deixa de ser uma ideia da física e da matemática combinadas. Nos dias que nos são úteis, somos o infinito e todas as combinações e probabilidades de existência.

6 comentários:

BrokenAngel disse...

Levaste com um dardo...

S-Kelly disse...

A abstracção das palavras a completar a (in)utilidade dos dias...Muito bonito, as Always.
Um abraço

The White Scratcher disse...

Tenho um nó no cerebro,,,, lololol.

Bjs

Always disse...

BrokenAngel,

Levei com uma bigorna em cima, acho eu! LOL

Always disse...

S-Kelly,

As palavras em si são signos abstractos. A consistência vem da lógica que as segura entre si numa sequência rica de significados.

Obrigada pelas tuas palavras de apreço. :)

Um abraço

Always disse...

The White Scratcher,

Neste preciso instante tenho um nó no estômago... LOL

Um abraço