sábado, 24 de janeiro de 2009

Sem desvio

Adrian Reilly, One Way, 2006

Em todas as paredes dos lugares por onde passo, vou escrevendo o teu nome no seu verdadeiro sentido e não com as letras que o formam. Por todas as estradas, caminhos ou encruzilhadas, vou deixando pistas da direcção que te escolhe sempre antes de tudo. Em frente é por onde vou, sem memória de outra coisa senão aquilo que vivi para te encontrar. Em frente sem passado senão aquele que me esculpiu o sonho e o tornou palpável. Caminho na linha recta do indefínivel e assim te partilhas na mesma caminhada. O Amor, que ninguém sabe definir senão por aproximação, é uma estrada de sentido único sem desvios e a vertigem da velocidade de querer ir mais longe e ter mais história partilhada. O Amor, que não tem peso nem contorno, é uma direcção irreversível. Não seria Amor se nos distraíssemos a olhar para trás.

4 comentários:

S-Kelly disse...

Gostaria de poder concordar contigo, acerca da estrada de sentido único, aquela por onde consegues que circule o teu amor. Seria bom se todo o amor seguisse em frente, sem deixar rastos e maleitas no caminho que lhe tentamos traçar, mas infelizmente nem sempre é assim, e há amores, que talvez mal arrumados, ou mal conduzidos, nos forçam a seguir em frente, mas com o olho no retrovisor. E isso leva o seu tempo a esquecer... talvez fosse o ideal não olhar para a estrada que se percorreu e olhar sempre em frente, para aquela que ainda falta conduzir, mas nem sempre isso é possivel!
Um abraço

Always disse...

Percebo perfeitamente o que dizes e dou-te toda a razão. E ainda que te surpreenda eu dizer isto, se leres os textos dos primeiros meses deste blog (arquivos de 2006), entenderás porquê: neste amor que vivo/vivemos, percorri/percorremos caminhos torturosos para aqui chegar/chegarmos. O meu texto 'Sem Desvio' fala do acreditar no Amor absoluto e de vivê-lo em pleno e totalmente, acreditando-o infinito. Porque, se é Amor verdadeiro, há sempre uma esperança - que nos salva - de um final feliz. Este 'Copo' que começou por ser 'vazio' (porque o meu amor partiu, mas o Amor ficou de um lado e do outro) é o testemunho disso.
Deixo-te a poesia de Vinicius de Moraes - Soneto de Fidelidade (1960) - para me ajudar a explicar-te o o que quero dizer neste post':

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei-de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Um abraço

S-Kelly disse...

Agradeço-te as palavras e a partilha do poema. Já conhecia este soneto, mas é sempre bom recordá-lo e relê-lo.
É sempre bom "conhecer" alguém com tanto e tamanho AMOR para dar e receber.
E sim, tb quero acreditar que há amor eterno. É tudo uma questão te tempo, do tempo certo...
Um abraço grande

Always disse...

S-Kelly,

É como dizes, é tudo 'uma questão de tempo', existe um momento certo para todos nós, que sabemos reconhecer e validar. Esse é, provavelmente, o segredo de 'um final feliz'.

Um abraço