segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Paixão da alma

Lester Weiss, Cracked glass, bus in junk yard, Barstow, Ca., 2004

Sinto os olhos em estilhaços e a alma um pouco desfocada e vascilante, debaixo de vento forte. Passou por mim uma imensa tempestade. Não caí. Estou agarrada a uma ideia que é, no fundo, o meu sentido de existência. Uma ideia que me salva e que me organiza, mesmo quando os olhos se partem em pedaços e se espalham pelo chão. Não sei desistir da ideia do Amor. Não desisto dessa paixão que me alinha os dias desde que te encontrei. Não desisto de acreditar porque sei que existes e, sabendo que és, eu existo para ser contigo. Trago em mim esta ideia, como parte de mim mesma, a segurar-me o corpo, a alma e o coração contra a fúria das tempestades. Pode alguém desistir de uma ideia que nos materializa o sentido da vida? E se o Amor é a vida, pode alguém desistir da ideia apaixonada de amar e ser amado? Não. Não imagino o amor sem esse estado de paixão pela vida, essa urgência por quem se ama em estado de permanência no pensamento. Se é demais, não sei. O que sei é que a ideia apaixonada do amor que te tenho é sangue e oxigénio que me anima e me torna consistente. Desistir de viver apaixonadamente esta ideia não é possível.

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