segunda-feira, 14 de março de 2011

Sobra amor ao silêncio

Raymond Ma, Gardens of Mystery


Agora as semanas vão passando cada vez mais difíceis e mais pobres porque me sobra o amor e o amor não deve sobrar nas mãos de quem tanto o quer dar. Tudo sobra no silêncio. Não morri, não morreste, mas as saudades são quase dessa forma irreparáveis. Não tenho vergonha nenhuma de dizer, a quebrar o silêncio, que tenho saudades. Porque as tenho e coisa nenhuma no mundo me distrai dessa solidão cá dentro que sinto como ar irrespirável. Metade da minha vida foi-se e já não tenho outro tempo de vida para aquilo que só acontece uma vez na vida, porque já aconteceu quando te encontrei. 'Tudo é eterno enquanto dura', foi a mais dura lição que aprendi. Soubesse eu e teria tornado os momentos de infinito ainda mais infinitos, até o tempo parar e fixar-nos nessa eternidade. Teria aproveitado mais, pensado menos. Teria rido mais vezes descontrolada e sem pudor e teria feito rir da mesma forma. Teria abraçado mais do que é possível os braços abraçarem. Fiz tudo isso, dei tudo, o melhor que sabia pelo menos. Não sabia tudo, ninguém sabe tudo. Mas teria feito tudo em duplicado, em triplicado, dezenas, centenas de milhares de vezes, porque não seria demais a felicidade e o Amor não sobraria feito solidão interior num coração que não sabe deixar de amar.

2 comentários:

Lábios de Caprichos disse...

Amor, amor, amor...
Palavra fácil de difícil significado. Há pouco que uma simples estranha possa dizer...
ja dizia o poeta, "um amor só é grande se for triste, senão não é amor".

Always disse...

E o poeta lá saberá a verdade dessa dor pela poesia em que a descreve, porque só a poesia chega perto do verdadeiro significado do Amor.

Vais deixando de ser uma 'simples estranha' pelo que deixas ficar nos comentários... :-)