segunda-feira, 22 de agosto de 2011

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Anabark, No canto da sala [MAI2011]

Ali, na parede branca, que os meus olhos preenchem com ideias fixas todas as noites, passeiam-se sombras de coisas que-não-foram. No branco da parede ideias tomam forma como se o-que-nunca-foi pudesse acontecer ali, nos contornos que a luz define... O branco da parede teima nesse constante desafio de inventar uma outra dimensão de vida, onde tudo acontece de acordo com o plano ilumidado pela artificialidade da luz. E tudo existe e tudo é possível, nada existe e o tudo o-que-não-foi não será nunca e eu sei. Na parede branca desenho pensamentos que teimo em ter por companhia, em casa e por todo o lado, tanto de noite como de dia, como se o tempo fosse sombra sem passado, apenas presente alheio ao futuro. A certeza do que-nunca-foi tornou-se uma assombração. A saudade do que poderia-ter-sido aninhou-se ao meu lado e nela encosto a cabeça e adormeço neste canto de sala.

2 comentários:

whitesatin disse...

De vez enquando acontece tropeçarmos nos mundos paralelos...navegar entre dimensões alternativas não é grave...é benéfico para a nossa criatividade e ao mesmo tempo para a nossa consciência...doloroso é sair destes patamares...

Um abraçinho :)

Always disse...

Pois acho que tens toda a razão! A dor vem da queda e de passos que se dão em terreno minado...

Um abraço!