Anabark, Obscuridade [JUL2011]
Seria mais fácil ser igual a toda gente e não querer mais do que os demais. Mas não quero tornar-me uma vulgar história de amor desfeita não sei como nem porquê. Não quero pensar-me igual a todas essas histórias que se contam por aí como troféus de vida, em que tudo acaba e, orgulhosamente, se exibe o fim do que, um dia, se acreditou infinito. Não quero ser esse momento de desencanto absoluto e desamor evidente dos que perdem tudo e destroem o que sobrar. Não quero ser comum e fazer conversas de passado aligeiradas de conteúdo como se quem viveu como pele da minha pele perdesse essa importância que o Amor lhe vestiu um dia. Não quero ser a vulgaridade de ter uma história para contar. Não quero ser banal e dizer que, na minha história de amor, não fui 'feliz para sempre', que tudo é passado e que para frente é caminho. Para a frente só é caminho pela esperança acarinhada no porvir, porque podemos acreditar que o melhor está para vir, fantasiar a perfeição, iludir-nos e enganarmo-nos a nós mesmos para encontrar a paz de espírito e o perdão que nos procuramos. Mas eu não quero isso para mim. Quero assumir que chorei, que lutei e que perdi. E, nesse desaprumo, celebrar-me pelo que sei sentir em mim, o Amor apesar de tudo. Quero a dignidade dos que perdem acreditando sem desistir antes da meta. Não quero a cobardia dos que afirmam que o Amor se desfaz como um castelo de areia à beira do mar. O Amor vive na alma e a alma que alberga o Amor é uma fortaleza que, talvez, nem a morte, saberá derrotar.
10 comentários:
Extasiada... :)
Obrigada! Antes assim... :)
Bjo
Lindo.
"O amor pertence a si mesmo, surdo às súplicas, imutável perante a violência. O amor não é uma coisa que se possa negociar. O amor é a única coisa mais forte do que o desejo, a única razão justa para resistir à tentação" (Jeanette Winterson, Escrito no Tempo).
Sverige, voltaste! :)
Subscrevo a tua citação - 'o amor pertence a si mesmo (...)' e contra isso nada nem ninguém pode. E é mais forte que a razão, porque é a própria razão que o legitima e o reveste de sentido.
Um beijo.
É um acto de coragem excepcional.
Sinto todas e cada uma das palavras que escreveu e luto, todos os dias, para ter a coragem de resistir, assumindo e aceitando a dor de perder. Porque isso é que é, para mim, amar incondicionalmente.
E se um dia sentimos intima e profundamente que amamos incondicionalmente, então aceitamos sofrer incondicionalmente. Aceitamos a condição de não ser mais amada, continuando a amar perdidamente.
Parabéns pela coragem e pelo texto excepcional. Beijinhos.
Obrigada, Mia, pela sua generosidade e atenção! :)
Não me sinto corajosa, acredite! Tenho, para meu próprio bem, de aceitar a evidência dos factos. Perder o amor de alguém não implica deixar de amar essa pessoa e quem ama quer o bem e a felicidade do outro. Deixar partir é também um acto de amor supremo.
Depois de ter feito tudo não há mais nada a fazer para ganhar de novo o amor perdido, a não ser deixá-lo seguir o seu caminho.
Não me sinto corajosa, sinto-me adulta pelo que aprendi da vida: 'Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe'.
Beijos! :)
fantástico, valeu!
Beijos, R. :)
"Deixar partir é também um acto de amor supremo."
Sem mais... :)
Um abraço
Concordo, Nat, deixar partir quem amamos é a maior demonstração de amor!
Um abraço!
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