quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Mudar um rio de lugar

Anabark, Cry me a river (SET11)

Nas noites sem dormir procuro, às escuras, um sentido, uma solução. Algo que o silêncio do mundo que dorme ajude a compreender o que não sei dizer. Procuro o momento que me escapou ontem e que, hoje, voltei a não encontrar. Procuro o tempo em que tudo era sempre e infinito. Porque desencontro, todos os dias, a sorte de te encontrar por aí, ao acaso, como se todos os lugares conhecidos tivessem mudado de sítio e, em nós, nada mais houvesse do que pontos de partida e nunca de chegada. Se calhar não há. Se calhar sobram apenas duas margens separadas por um rio e pontes flácidas e desfocadas. Nas noites acordadas, fico, na minha margem, à beira do rio a reinventar a geografia. E, quando adormeço, sonho que as pontes tomam forma e que as margens se encostam. E que a cidade se ilumina de nós por todo o lado.

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